Robertshaw: trabalhadores questionam política que gera desemprego

Liminar concedida nesta segunda-feira (15) pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região suspendeu as demissões dos funcionários da Robertshaw, empresa americana de termostatos e componentes eletrônicos, em Caxias do Sul (RS). A obtenção de benefícios fiscais em Manaus, levou a empresa a fechar, em fevereiro, a fábrica em Caxias, gerando aproximadamente 500 desempregados na cidade.

Trabalhadores da Robertshaw em Caxias do Sul encontram portões fechados - Uliane da Rosa/Divulgação
“A empresa está se beneficiando de impostos não pagos para mudar a planta de Caxias e levar para Manaus. Não podemos entender que o governo está dando benefícios para a empresa gerar desemprego já que ela não vai criar novos postos de trabalho em Manaus”, declarou Assis Melo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul.
 
Segundo Assis, a mudança da empresa para Manaus é uma estratégia para melhorar os resultados e não é motivada pela crise. “Ao contrário de muitas empresas, que estão com dificuldades por causa da crise, a Robertshaw não enfrenta esses problemas”, completou Assis. Para ele, a empresa se mostrou insensível ao impacto negativo das demissões entre os trabalhadores e na região.
“O trabalhador tem o direito ao trabalho, ao sustento das suas famílias e a empresa deveria ter a responsabilidade social. Não podemos aceitar isso”, argumentou o sindicalista. A Robertshaw, que mantém atualmente cerca de 100 funcionários trabalhando, poderá recorrer da liminar. Assis lembrou ainda que do total de demitidos a maioria ainda não recebeu as rescisões.
O questionamento dos trabalhadores aos incentivos fiscais que geram desemprego foram feitos ao ministro Armando Monteiro, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em reunião em Brasília, no início de fevereiro. Neste encontro também esteve o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo e Assis Melo. Na ocasião, o ministro se comprometeu em buscar uma “solução mais equilibrada”.
“Queremos fazer o debate e se não for possível manter todos os postos de trabalho, queremos pelo menos parte deles. Esse tipo de coisa não pode ser feito apenas em benefício da empresa e em detrimento dos direitos do trabalhador”, ressaltou Assis. A Robertshaw atuava há 50 anos em Caxias. 
A reunião em Brasília foi uma das medidas do sindicato para evitar a demissão em massa em Caxias. A entidade também tem se reunido com o prefeito do município e representantes do governo do Estado. Semanalmente, realizam assembleias e encontros na porta da Robertshaw.
“Se todo o esforço não obtiver um resultado imediato mas que, pelo menos, no futuro, a gente consiga discutir esses benefícios que as empresas recebem, sem contrapartida, causando transtornos aos trabalhadores”, finalizou Assis.

Por Railídia Carvalho