Governo e base aliada discutem prioridades para crescimento econômico 

A presidenta Dilma Rousseff voltou a apontar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) como medida essencial dentro do conjunto de ações que o governo deve adotar para a retomada do crescimento econômico do país. A informação foi dada pelo líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), ao final da reunião da presidenta com a base aliada, no Palácio do Planalto, na manhã desta terça-feira (16). 

Governo e base aliada discutem prioridades para crescimento econômico

Entre o encontro com a presidenta e a reunião do Colégio de Líderes da Câmara, à tarde, o líder comunista falou ao Portal Vermelho para adiantar quais as expectativas com relação ao início dos trabalhos legislativos, ameaçado por manobras da oposição.

“Da nossa parte, interessa que o Congresso volte a funcionar, que o plenário delibere e as comissões sejam instaladas para o curso normal de funcionamento. Não é bom para o Brasil e nem interessa para o próprio parlamento e as relações institucionais manter a Casa paralisada e nem perdermos tempo discutindo crise política. É preciso deliberar rapidamente sobre impeachment, ajuste fiscal e cuidar das ações relacionadas ao crescimento econômico”, informou o parlamentar.

Na reunião com os líderes governistas, a presidenta Dilma também apresentou outras medidas para a retomada do crescimento da economia com geração de emprego e preservação das políticas sociais. A reforma da previdência, com elevação da idade mínima das mulheres para aposentadoria, e a pactuação da base aliada em torno da contenção de medidas que elevem gastos públicos.

Sobre a recriação da CPMF, o deputado Daniel Almeida disse que a presidenta informou que trará municípios e estados para o debate partilhando resultados, “o que consideramos positivas”, assinalou. E sobre a Previdência Social, a ideia é encaminhar uma proposta somente após debate dentro de um fórum quadripartite, reunindo governo, empresários, trabalhadores e aposentados.

Segundo Daniel Almeida, “no que cabe ao PCdoB, que sempre foi leal e correto com as proposições do governo, temos que discutir com muito cuidado e muito aprofundamento e valorizar o resultado do fórum quatripartite na proposta de reforma da previdência”, lembrando que no ano passado o Congresso Nacional aprovou uma mudança de grande profundidade na aposentadoria, com a implantação do Fator 85/95 em substituição ao Fator Previdenciário.

Ele inclusive levantou a questão se vale a pena colocar na mesa debate sobre esse tema. Na avaliação dele, “o grande desafio é coesionar a base do governo e setores da sociedade para ter possibilidade delas (as medidas) serem aprovadas”.

“O setor produtivo não quer ouvir falar em CPMF e os trabalhadores não querem ouvir falar em reforma da previdência. Numa situação assim só é possível avançar se houver compromisso da base com o governo”, analisa o líder comunista, que considerou a reunião positiva.

“No geral, os líderes manifestaram solidariedade e apoio às medidas da presidenta, consideraram positiva a participação dela na abertura do ano legislativo, como gesto de aproximação; e solicitaram que o diálogo permaneça, faça parte do cotidiano e que o mérito das proposições sejam apresentados para que os líderes possam se comprometer com o debate na sociedade e no Congresso.”

Diálogo com a oposição

Mais cedo, na Câmara, os líderes do PSDB, do DEM, do PPS e do Solidariedade se reuniram para debater ações e discursos conjuntos para a retomada dos trabalhos legislativos.

O líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM), anunciou nesta segunda-feira (15) a predisposição do partido em obstruir as sessões do Plenário até que o Supremo Tribunal Federal (STF) esclareça as dúvidas relativas ao funcionamento da comissão que deverá analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), disse não acreditar em obstrução da oposição na Câmara e aposta no diálogo para avançar na aprovação das medidas sugeridas pelo governo.

“A presidenta fez uma fala muito forte sobre a necessidade de iniciarmos o debate sobre as reformas e, principalmente, sobre a CPMF. E nós temos que dialogar, primeiramente com a base, com a Casa e, principalmente, com a oposição”, disse Guimarães.

“Vejo com simpatia a ideia de que a oposição, através do PSDB, tem sinalizado a disposição de abandonar a tese do 'quanto pior, melhor'. Esse é um primeiro passo. Mesmo considerando que a oposição não concorda com a CPMF, há outros temas de interesse nacional que pretendemos dialogar com a oposição”, afirmou o líder do governo.