Luciana: Dilma precisa resgatar relação com base social

Em entrevista ao Jornal do Commercio, a presidenta nacional do PCdoB e deputada federal, Luciana Santos, se posiciona contra a Reforma da Previdência, colocada em discussão pelo governo federal. Segundo ela, existem reformas estruturais mais urgentes a serem promovidas, como a Reforma Tributária. A parlamentar avalia ainda que a presidenta Dilma Rousseff precisa resgatar a relação com sua base social – os trabalhadores.

Luciana Santos

“Nós temos a compreensão de que esse debate [sobre a Previdência] é necessário. Todos os dados indicam que, em função do envelhecimento da população brasileira, nós teremos daqui a alguns anos um colapso na Previdência. Agora, nós achamos que existem reformas estruturantes no país mais urgentes, que poderiam impactar nos recursos da própria Previdência”, disse a deputada.

Segundo ela, na medida em que seu partido está na base do governo, a posição inicial deve ser avaliar a proposta do governo para o tema. “Mas, a princípio, nós temos dito claramente que achamos incorreta a pauta da Reforma da Previdência para o momento”, completou.

De acordo com ela, o debate sobre a Reforma Tributária, por exemplo, deveria acontecer com maior urgência. “Nós temos um tributo que penaliza os trabalhadores, os salários mais baixos. E a gente poderia fazer uma reforma que pudesse incidir onde se tem mais renda e mais patrimônio. Isso daria outra equação para as receitas da União.”

Para Luciana, “há também o debate político, numa situação em que a presidenta precisa resgatar uma relação com a própria base social que a elegeu, que são os trabalhadores”.

Questionada se a presidenta tem conduzido o ajuste fiscal de forma equivocada, a dirigente do PCdoB avaliou que houve, sim, um erro tático, já no primeiro ano do mandato, quando o governo pautou a discussão sobre as Medidas Provisórias que mudavam as regras de acesso ao seguro-desemprego.

“Acho que foi um erro tático. De apresentar medidas que impactavam exatamente na base social que elegeu ela. É tanto que nós tivemos um ministro da Fazenda que durou só um ano”, analisou.

A deputada afirmou ainda que o objetivo agora é levar adiante uma agenda de retomada do crescimento. “Acho que o que nós vamos persistir é em uma agenda que a própria presidenta, paralelamente, também fez. Que são as PPPs, os anúncios de investimento em infraestrutura, para retomar o crescimento. O acordo de leniência é um debate necessário também. Porque nós temos que punir os executores da corrupção, mas não se pode penalizar os trabalhadores, os técnicos, os engenheiros e a própria economia”, disse.

Luciana também colocou-se a favor do retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), como um tributo temporário, que sirva exatamente para cobrir o deficit da própria Previdência e da Saúde. “Achamos que a CPMF, sendo temporária, é necessária. Por que é preciso cortar gordura, mas não a ponto de paralisar os serviços essenciais da população”, afirmou.

“CPMF é imposto sobre a movimentação de quem tem conta em banco. Não é exatamente uma agenda contra o trabalhador. Diferentemente da Reforma da Previdência”, concluiu.

Por Joana Rozowykwiat, do Portal Vermelho, com Jornal do Commércio