Movimento pela CPI da merenda vai propor audiência pública em SP

Apesar do boicote dos deputados governistas, estudantes, professores e representantes de diversos movimentos sociais estiveram na assembleia legislativa de São Paulo nesta terça-feira (23) cobrando a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os desvios no fornecimento da merenda para as escolas do Estado. O próximo passo das entidades será protocolar um pedido de audiência sobre o tema no colégio de líderes.  

Sessão na Alesp CPI da Merenda 2016 - Jornalistas Livres
Os manifestantes chegaram a assembleia por volta das 12h e foram de gabinete em gabinete fazendo uma “blitz”. Os parlamentares favoráveis à instalação da CPI tiveram um adesivo colado nas portas dos gabinetes divulgando o posicionamento. 
“Foi uma agenda positiva para o movimento social que sai de uma vitória, que foram as ocupações das escolas, para uma outra pauta que desgasta a política do PSDB em São Paulo, que é a fraude na merenda escolar”, avaliou Flávia Oliveira, presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP).
Com a retirada dos deputados governistas do plenário, a sessão não alcançou quórum e foi encerrada no final da tarde. Além da tentativa para realizar uma audiência pública, também está programado um trancaço nas escolas para a sexta-feira (26). 
Patrulha midiática

A deputada Leci Brandão (PCdoB) esteve durante toda a sessão e enquanto discursava em favor da CPI da merenda, ela condenou a “patrulha midiática” que não respeita a democracia, em referência à enxurrada de denúncias pela mídia das investigações da operação Lava Jato, que não deixam espaço para a defesa dos acusados. 

“(a patrulha midiática) Que tá ai fazendo uma confusão na cabeça do povo brasileiro dando notícias que não são verídicas. Fazendo um alarme no país porque o negócio é o seguinte: ninguém quer aceitar o resultado das eleições de 2014”, criticou a deputada.

Leci também foi contundente ao se referir à violência policial, sobretudo nas manifestações pelas ocupações das escolas e recentemente pelo passe livre. "O que a gente quer é que a polícia militar respeite as manifestações, não bata nos jovens, não mate a juventude negra. É isso que nós queremos", concluiu discursando na direção dos parlamentares ligados à área da segurança pública. 
 


Capez

O pedido de CPI, proposto pelo Partido dos Trabalhadores, conta com 23 assinaturas, entre elas a do presidente da assembleia, Fernando Capez, que teve o seu nome envolvido nas denúncias como um dos recebedores de propina no esquema de fraude.

De acordo com Flávia, o deputado Capez (PSDB) dá sinais de que está fragilizado e a ação desta terça-feira joga mais pressão sobre ele. “Sempre nos passou uma imagem de arrogante agora a gente percebe nas atitudes que ele está fragilizado. Ainda não tinha passado pelo batismo popular”, concluiu a dirigente estudantil.
Entre as entidades que estiveram no ato estão União Paulista de Estudantes Secundaristas (Upes), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Frente Brasil Popular e Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
 
Por Railídia Carvalho