Jânio: Os efeitos secundários da prisão de João Santana

Em sua coluna publicada na Folha desta quinta-feira (25), Jânio de Freitas questiona a falta de sustentação do juiz Sérgio Moro na 23ª fase da Operação Lava Jato que decretou prisão do publicitário João Santana e sua esposa Mônica Moura. Para o analista, o mais importante não é o fato em si, mas o efeito que se criou.

Jânio questiona: “Por que tem que ser propina, o que Santana recebeu da Odebrecht? Se nada tem a ver com intermediação de contratos da Petrobras, nem se sabe de outras atividades suas que expliquem comissões da empreiteira?”, ressalta.

“Também não há, nas tantas palavras daquelas vozes da Lava Jato, nenhum indício, consistente ou não, de que o dinheiro da Odebrecht no exterior seja proveniente da Petrobras, como ‘desconfiam’. Nem que tenha qualquer relação com campanha no Brasil”, completa Jânio.

O analista político diz que deveria ser “escandaloso”, a falta de sustentação do juiz, dos procuradores e policiais no decreto de prisão do publicitário e da sua mulher. Este fato, descreve Jânio, também foi questionado pelo colunista Fernando Molica no jornal O Dia. “Sergio Moro diz ser algo ‘possível’ 19 vezes. Já ‘possivelmente’ foi escrita em 3 ocasiões, ‘provável’ em 5. Moro utilizou alguns verbos no futuro do pretérito: ‘seria’ aparece 14 vezes; ‘tentar/tentariam’ merecem 16 aparições.” “Ou seja, o piso do decreto de Moro é o texto das vaguidões, das inexistências e dos pretendidos ilusionismos”, completa.

Outro questionamento feito pelo analista político é o fato da urgência nas prisões de Santana e Mônica. “Seria preciso fazê-la com a urgência aplicada? Nenhum fato a justificou. O risco de fuga era zero, já estando ambos no exterior.” 

Para Jânio, mais difícil ainda é entender por que as denúncias de remessas e contas no exterior do ex-presidente Fernando Henrique foi sufocado com tanta facilidade? Para ele, “a Procuradoria-Geral da República, os procuradores e a Polícia Federal não foram capazes de emitir, dirigida à população como devido, sequer uma palavra a respeito”.

Mas apesar disso, examina, “a oportunidade foi perfeita para o fato consumado de ampliar o alcance de Sergio Moro e da Lava Jato, apesar da duvidosa legalidade do novo alcance”.

Jânio lembrou ainda que há limites no âmbito legal das ações de Moro e da Lava Jato que não inclui temas como “eleição, campanhas, Santana e atividades das empreiteiras fora do sistema Petrobras. Estendê-lo já foi tentado, mas o Supremo Tribunal Federal barrou-o”.

Entretanto, a tentativa de misturar o nome e a imagem do “marqueteiro” das campanhas do “PT” e de “Lula e Dilma” foi alcançada. E finaliza: “Sergio Moro, os procuradores e policiais federais falaram muito sem dizer o essencial. Mas já se entende parte dele”.