Militantes do PSOE garantem pacto com direita na Espanha 

Quase 80% dos militantes do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) 79% ratificaram o acordo selado com a organização de centro direita Ciudadanos (C's) para tentar formar um governo, informou neste domingo (28) a organização.

Pedro Sánchez e Alberto Rivera

Segundo a página do PSOE na Internet, com 98% dos votos apurados, a participação situou-se em 51,70%, maior que a esperada se for levado em consideração que a campanha pelo pacto se realizou em menos de dois dias.

O acordo assinado na quarta-feira (24) entre o líder do PSOE, Pedro Sánchez, e seu colega da C's, Alberto Rivera, para um governo "reformista e de progresso" foi respaldado por 73.940 dos 95.763 filiados que participaram no plebiscito.

Com metade dos militantes socialistas envolvidos na consulta e com um voto favorável superior a 70%, a direção socialista sentiu uma "satisfação razoável".

"Orgulhoso do PSOE e dos seus militantes. Orgulhoso deste grande partido. Obrigada pelo vosso apoio. A mudança está cada vez mais perto", afirmou Pedro Sanchéz na rede social Twitter.

Esta votação não é vinculante, o que fará com que a aliança com C's só seja oficializada a partir da reunião do Comitê Federal, máximo órgão de direção do partido, que acontecerá na segunda-feira (29) véspera da sessão de posse de Sánchez.

Depois de três semanas de intensas negociações, o secretário geral socialista fechou na quarta-feira um polêmico acordo com a C's, que pretende converter em um acordo de governo apesar da sua debilidade numérica.

A assinatura do documento, que para seus detratores pretende algo tão inaudito como aplicar receitas econômicas neoliberais para fazer políticas sociais de esquerda, provocou a imediata ruptura do diálogo entre o PSOE e os grupos de esquerda.

No que analistas qualificaram inesperadamente de jogada de efeito para contrariar alguns receios dentro do Partido Socialista a uma eventual aliança com o Podemos (centro esquerda), Sánchez se comprometeu em 30 de janeiro a consultar as bases antes de concretizar qualquer acordo com outras forças.

Com esta consulta, não contemplada nos estatutos, o Comitê Federal não se ariscará a se opor aos filiados, consciente de que nenhum dirigente regional se oporia em público a recusar a vontade da militância.

"O PSOE tem atingido e proposto acordos com diferentes forças políticas para apoiar a posse de Pedro Sánchez à Presidência do Governo. Respalda estes acordos para conformar um governo progressista e reformista?", foi a pergunta formulada aos militantes do partido.

No entanto, o único acordo que o candidato à presidência do Governo atingiu até agora é com a C's, o qual suscitou mal-estar em alguns setores do partido.

Sánchez pediu no sábado (27) ao resto das forças políticas para que apoiem este compromisso para a formação de um executivo progressista.

Mais especificamente, apelou aos grupos de esquerda como o Podemos para que se somem ao pacto. No entanto, o líder de Podemos, Pablo Iglesias, denunciou que o projeto é uma submissão do programa eleitoral dos socialistas ante as teses econômicas do Ciudadanos, que supõem a continuidade dos cortes do conservador Partido Popular.