Diniz: A expectativa é se os protestos serão ou não mais do mesmo

A expectativa dos protestos deste domingo é saber se eles atrairão ou não novos convertidos, em meio ao esforço da mídia tradicional e parte do judiciário em criminalizar o governo.

Por Augusto Diniz, no Jornal GGN

Mas novos convertidos pode significar apenas volume e não capilaridade nos diversos extratos sociais – e isso é essencial para o sucesso dos grupos pró-impeachment ou pró-golpe. Não há muito significado os bairros dos Jardins ou Leblon atraírem mais famílias às ruas acima das últimas manifestações. Trata-se do mesmo nível da pirâmide, possivelmente já convertidas há muito tempo em anti-Dilma.

Surpreende o desgaste sofrido por Aécio Neves nas últimas semanas com frequentes delações premiadas citando seu nome. O fato é que o candidato da oposição de 2014 vive com a credibilidade abalada, embora ainda tente se apresentar – e se comportar – como uma liderança plausível.

Tirando os fascistas, pró-militares e fanáticos religiosos, uma parte expressiva de gente que vai às manifestações neste domingo por certo já não vê Aécio – e os que o cercam – com bons olhos. Se estiver na avenida, vai empunhar a bandeira contra a corrupção mais do que apoio incondicional ao candidato derrotado por Dilma nas últimas eleições.

A bandeira contra a corrupção ganha corpo também pelas últimas investidas contra Lula, de forma desproporcional e descabida pela grande imprensa e parte do judiciário. A politização desses dois sistemas, embora visível aos olhos da população, por ora parece que ainda não se reverteu contra eles (imprensa e judiciário), mas isso pode ser uma questão de tempo se os atores do contragolpe se movimentarem de forma mais efetiva – e no caso mais específico do judiciário, se cortes superiores defenderem o conceito da equidade jurídica.

Esses atores são os movimentos sociais que se articulam em torno de Lula, altamente politizados e de alguma influência em camadas sociais onde parcela expressiva de seus integrantes não esteve nos protestos anti-Dilma anteriores – embora alguns sejam críticos ao governo.

Assim, é preciso entender como esse grupo de não convertidos até então se comportará neste dia 13. Ele é o fio de sobrevivência de Dilma (além de sua própria necessidade de articulação), até para lutar contra o impeachment no Congresso (injusto contra a presidente, diga-se de passagem, por não ter até agora nada comprovado contra ela), onde políticos se movem de acordo com seus interesses pessoais – mas se apequenam quando evidências em momentos decisivos levam a desarranjos os quais no fim eles perdem mais do que ganham.

Não se descarta ainda a possibilidade do Congresso tomar alguma ação extrema contra o governo sem apoio da maioria da população – e esse seria o pior dos golpes.