Dilma: Golpistas não vão me tirar do rumo nem colocar povo de joelhos
De forma serena e lúcida, mas acima de tudo muito firme, a presidenta Dilma Rousseff afirmou em seu discurso na cerimônia de posse de Lula, nesta quinta-feira (17): “A gritaria dos golpistas não vai me tirar do rumo e não vai colocar o nosso povo de joelhos”, afirmou a presidenta, que foi aplaudida pela plateia.
Publicado 17/03/2016 12:14
Dilma iniciou o discurso saudando “os brasileiros e brasileiras de coragem” presentes à posse. Ela desmontou a farsa golpista do juiz Sérgio Moro ao exibir durante a cerimônia o termo de posse que havia enviado na véspera para o ex-presidente assinar.
A presidenta afirmou que o documento era para ser usado caso Lula não pudesse comparecer ao evento de posse e estava sem sua assinatura. Dilma denunciou o o termo de posse foi manipulado pela imprensa.
“Em que pese o teor absolutamente republicano do diálogo que eu tive ontem com o ex-presidente Lula, ele foi publicizado com uma interpretação desvirtuada. Mudaram tempos de verbo. Mudaram de ‘a gente’ para ‘ele’. E ocultaram – e eu estou guardando esta assinatura desse termo de posse como uma prova – ocultaram que o que fomos buscar no aeroporto era esta assinatura [exibe o documento] que está assinado o presidente Lula, mas não tem a minha assinatura. E, portanto, isso não é posse”, afirmou ela, salientando que o documento foi encaminhado porque a esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, está com problemas de saúde e Lula teria problemas para voltar a Brasília.
“Repudio total e integralmente todas as versões contra esse fato. Este documento foi distribuído para toda a imprensa. Agora, estaremos avaliando com precisão as condições deste grampo que envolve a Presidência da República”, denunciou Dilma, ressaltando ainda que quer saber porque o conteúdo da conversa foi divulgado quando “ele não continha nada, nada eu repito, que possa levantar qualquer suspeita sobre o seu caráter republicano”.
Dilma classificou como “grampo ilegal” a interceptação telefônica, divulgada pela mídia golpista, e voltou a repelir os vazamentos seletivos. Sua fala foi interrompida pela plateia que gritava: “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!”.
“Convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades, de métodos escusos, viola princípios e garantias constitucionais, os direitos dos cidadãos e abre precedentes gravíssimos. Os golpes começam assim”, declarou.
E Dilma enfatizou: “Não há Justiça quando delações são tornadas públicas de forma seletiva para execração de alguns investigados e quando depoimentos são transformados em fatos espetaculares. Não há Justiça quando leis são desrespeitadas e a Constituição aviltada. Não há Justiça para os cidadãos quando as garantidas constitucionais da própria presidente da República são violadas”.
A presidenta frisou que a Justiça e o combate à corrupção são mais fortes e dignos “quando respeita os princípios institucionais”.
“Vivemos momento ímpar, momento em que o combate à corrupção tem sido realizado sem imposição de qualquer obstáculo por parte do governo federal, mas momento em que temos de reafirmar a centralidade dos direitos individuais, da normalidade institucional e da soberania da Constituição. Somente haverá Justiça com respeito rigoroso a princípios orientadores de sua execução – em especial a presunção de inocência e o amplo direito de defesa de qualquer cidadão. A justiça, o combate à corrupção sempre é mais forte e digno quando respeita os princípios constitucionais”, disse.
Dilma resgatou que desde a sua posse em 2014 a oposição tenta “paralisar” o país e tirar seu mandato.
“O presidente Lula, os ministros Eugênio Aragão e todos os ministros do governo, toda a nossa base social, nós teremos mais força de superar as armadilhas que jogam em nosso caminho aqueles que desde a minha eleição não fizeram outra coisa que tentar paralisar o meu governo, me impedir de governar ou me tirar o mandato de forma golpista”, destacou a presidenta, reafirmando que quem defende o golpe não terá “força política” para afastá-la do governo.
Sobre a vinda do Lula para o seu governo, a presidenta afirmou que as circunstância atuais deram ao governo dela a “magnífica oportunidade” de ter o ex-presidente ocupando o ministério.
“Todo mundo sabe que as dificuldades costumam criar grandes oportunidades.As circunstâncias atuais me dão a magnífica chance de trazer para o governo o maior líder político desse país”, afirmou a presidenta, ressaltando que além de ser “grande líder político”, Lula é um “grande amigo, companheiro de lutas e conquistas”.
“Conto com sua experiência, com a identidade que ele tem com este país, com o povo deste país. É com isto que conto”, declarou.
“Sua presença aqui mostra que você tem a grandeza dos estadistas e a humildade dos verdadeiros líderes”, continuou Dilma, destacando que, com Lula ao seu lado, ela terá “mais força” para “superar as armadilhas que jogam em nosso caminho” para “paralisar o governo” ou “tentar me tirar o mandato de forma golpista”.