Palmira libertada: sírios já podem voltar para casa

Após a conquista de Palmira por militantes do Estado Islâmico em 2015, os habitantes deixaram as suas casas em pânico, temendo violência e assassinatos bárbaros. Alguns moradores tiveram sorte – suas casas permaneceram intactas e a guerra não tocou nelas. Mas outros tiveram menos sorte porque terão de reconstruir as suas habitações em ruínas.

Ruínas de Palmira, na Síria

Em entrevista à agência russa Sputnik, um homem chamado Muhammed disse que, após a invasão do Estado Islâmico, a cidade viveu um dos períodos mais críticos na sua história.

“Foi um crime horrível que levou as vidas de centenas de civis. Eles obrigavam a população a fazer o que eles queriam. Eu agradeço ao nosso exército e a Rússia, cujos esforços conjuntos levaram à liberação da nossa cidade natal. Agora todos esperamos pelo fim da operação de desativação de minas para voltar às nossas casas”

“Deixamos a cidade literalmente algumas horas antes do Estado Islâmico assumir o controle total sobre ela. Os militantes enviaram dezenas de veículos minados para a cidade. Eu ainda continuo sem saber o destino de alguns dos meus próximos”, acrescentou.

Outro habitante de Palmira, chamado Khasen, também escapou junto com a sua família da morte às mãos dos terroristas do Estado Islâmico. Khasen era pastor antes de deixar a sua cidade, tendo ido para Deir ez-Zor.

“Os militantes do Estado Islâmico quando entraram na cidade privaram-me imediatamente do meu rebanho de ovelhas e cabras. Os terroristas queimaram a casa de um dos nossos vizinhos quando souberam que o dono da casa trabalhava nos correios estatais”, contou ele.

Um soldado do exército sírio, Aiham, por sua vez, também está a espera da desminagem total da cidade. Ele estava perto de al-Nabk quando ouviu dizer que o exército sírio preparava uma ofensiva contra Palmira.

“Foi uma questão de honra para mim combater pela cidade onde nasci. Eu pedi que me incluíssem na lista dos que seriam enviados para a operação de liberação de Palmira. E agora vou me endereçar aos habitantes de Palmira: ‘Voltem, a nossa casa foi liberada!’”, disse o soldado sem poder esconder a emoção.


Aiham participou da batalha pelo Castelo de Palmira, que os militantes tentavam guardar para o controle do acesso à cidade.

O exército sírio informou oficialmente no domingo, 27 de março, sobre a liberação de Palmira dos militantes do Estado Islâmico com o apoio da Força Aérea e milícias populares.

O grupo terrorista Estado Islâmico autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecida como a ameaça principal por vários países e organismos internacionais.

Porém, o grupo terrorista tem suas origens ainda em 1999, quando um jihadista de tendência salafita, o jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, fundou o grupo Jamaat al-Tawhid wal-Jihad.

Depois da invasão norte-americana no Iraque em 2003, esta organização começou a fortalecer-se, até transformar-se, em 2006, no Estado Islâmico do Iraque. A ameaça representada por esta entidade foi reconhecida pelos serviços secretos dos EUA ainda naquela altura, mas reconhecida secretamente, e nada foi feito para contê-la.

Como resultado, surgiu em 2013 o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que agora abrange territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.