Estudantes protestam contra máfia tucana da merenda em SP
Estudantes de São Paulo fizeram nesta terça-feira (29) mais um protesto contra o fechamento de salas de aula e as denúncias de corrupção nos contratos da merenda escolar no estado. Os manifestantes se concentraram na Avenida Paulista, região central da capital, e seguiram em passeata pela Avenida Brigadeiro Luiz Antonio até a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Publicado 30/03/2016 15:28

O ato prosseguiu dentro do prédio da assembleia, onde tramita uma proposta de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o caso. O presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB), é suspeito de envolvimento nas fraudes nos contratos para alimentação dos alunos.
Ele chegou a ter os sigilos fiscal e bancário quebrados por determinação judicial. Nesta terça-feira, a Polícia Civil cumpriu sete mandados de prisão e 11 de busca e apreensão contra acusados de envolvimento no esquema.
Governador
Segundo as investigações, o esquema, que envolvia o pagamento de propina a agentes públicos, era liderado pela Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), que mantinha contratos para fornecimento de alimentos com diversas prefeituras.
Os jovens também acusam o governo estadual de dar prosseguimento a chamada reorganização escolar. O processo, que previa o fechamento de mais de 90 escolas, foi suspenso no ano passado, após uma série de protestos e ocupação de diversas escolas em todo o estado.
“O governador de São Paulo [Geraldo Alckmin], não sei se é ignorante ou se acha muito esperto para fazer algo e achar que não iremos perceber. Ele fechou mais de 1,3 mil salas, escolas e turnos. Estamos aqui principalmente por isso”, afirmou a estudante Luana Nardi, de 16 anos.
“Voltaram as aulas com mais de mil salas fechadas, isso não apareceu muito na mídia. Além disso, estourou o escândalo de corrupção da merenda, que tem o Fernando Capez e o governo Alckmin sendo investigado sobre desvios de verbas da merenda”, acrescentou Cauê Borges, 17 anos.
Além das denúncias envolvendo a alimentação escolar e o fechamento de salas de aula, os jovens também reclamam da criação de grêmios oficiais nas escolas. Segundo eles, essa seria uma forma de controlar o movimento estudantil. “Eles perceberam que gente tem muita força política e é melhor eles tentarem trazer essa política para perto deles", acrescentou Cauê.
Fraude em contratação de merenda escolar em São Paulo chega a R$ 7 milhões
As sete pessoas presas na 2ª Fase da Operação Alba Branca, que investiga irregularidades nas compras da merenda escolar da rede estadual de São Paulo, estão sendo ouvidas pela força-tarefa da Polícia Civil e Ministério Público. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Ribeirão Preto, as fraudes nas contratações, feitas entre 2013 e 2015, somam R$ 7 milhões, sendo R$ 700 mil destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.
De acordo com o Gaeco, os crimes envolvem 20 municípios: Americana, Araras, Assis, Bauru, Caieiras, Campinas, Colômbia, Cotia, Mairinque, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Novaes, Paraíso, Paulínia, Pitangueiras, Ribeirão Pires, São Bernardo do Campo, Santa Rosa de Viterbo, Santos e Valinhos. Os acusados serão ouvidos em um prazo de cinco dias.
Entre os detidos, que podem ter a prisão preventiva decretada após esse período, estão o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, na década de 70, Leonel Júlio e Sebastião Misiara, atual presidente da União dos Vereadores de São Paulo. O filho de Leonel, Marcel Ferreira Júlio, é considerado foragido.