Criado na década de 60, o Samba da Legalidade continua atual 

O ano era 1961 e o Brasil passava por um momento de grande instabilidade política. Com a renúncia de Jânio Quadros, militares impediam o seu vice, João Goulart, de assumir a Presidência da República. Neste contexto dos anos dourados, artistas, através da música, expressavam o seu engajamento na luta em defesa da legalidade. E foi com esse espírito que surgiu o Samba da Legalidade. 

Criado na década de 60, o Samba da Legalidade continua atual

De autoria de Zé Kéti e Carlos Lyra, a canção soa atual em um contexto de golpe em curso que o país vive em 2016, onde a presidenta da República Dilma Rousseff, reeleita democraticamente com mais de 54 milhões de votos, é impedida de governar desde o primeiro dia do seu mandato, reflexo das manobras da direita que não aceita o recado das urnas. 

O ápice das movimentações para impor a agenda de caos no país foi a abertura do processo de impeachment, que será votado no Congresso Nacional nesta semana.

Movimentos sociais, lideranças políticas e a sociedade civil organizada denunciam que, assim como em 1961, a derrubada de um presidente sem comprovação de crime se configura um golpe de Estado.

Confira abaixo o trecho e o áudio da música, interpretado por Nara Leão: 

“Dentro da legalidade

Dentro da honestidade

Ninguém tira o meu direito

Quando querem anarquia

Ele mima teimosia

Mostrando todo defeito

Se o samba está errado

Eu não vou ficar calado

Consertando a melodia

Sou poeta popular

Dentro da honestidade

Ninguém pode me calar

Eu não sou politiqueiro

Meu negócio é um pandeiro

Dentro da legalidade

Sou poeta popular

Dentro da legalidade

Ninguém pode me calar”