CTB debate saídas para a crise que ameaça estado democrático

Na sexta-feira (8), reunião do Conselho Político Ampliado da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), em São Paulo, debateu o tema “A luta em defesa do estado democrático de direito”, a acumulação do capital e as políticas públicas dos governos Lula e Dilma no país. Os convidados da iniciativa foram Epitácio Brunet Paes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o economista Lécio Morais. 

Reunião Conselho Político CTB - Marcos Aurélio Ruy
Os trabalhos da reunião foram dirigidos pelo vice-presidente da CTB, Severino Almeida, que teve a companhia da secretária de Finanças Adjunta Gilda Almeida, da diretora executiva Isis Tavares e do secretário de Finanças Vilson Luiz da Silva.
 
Brunet traçou um perfil histórico das lutas da classe trabalhadora no continente e as repercussões dessas lutas na reação do capital. De acordo com ele, a crise brasileira é fruto da “mexida nas estruturas da acumulação do capital” que os governos Lula e Dilma fizeram. 
“No dia seguinte da última eleição presidencial já estavam pedindo impeachment”, acentua. Ele defende que o movimento sindical amplie seu leque e ações. E pergunta “quais são as políticas públicas possíveis para melhorar a vida das pessoas? O que nós poderíamos fazer para não estarmos na situação atual?”. Para ele, é necessário “estar nas ruas o tempo todo”.
Lécio Morais aponta as causas da crise econômica. Segundo ele, a crise demorou a chegar ao Brasil e chegou porque é uma crise severa do capital mundial. As saídas apresentadas por ele estão na manutenção desse governo e na retomada do crescimento. Ele conta ainda que é a primeira vez na história do Brasil que a crise chega e encontra o país com reservas suficientes para evitar a bancarrota.
De acordo com Morais é importante “manter as reservas internacionais, criar uma nova frente de financiamento com investimentos em infraestrutura e no setor produtivo”. Além disso, o economista defende uma reforma da Previdência em novos patamares, que permitam “aos trabalhadores e trabalhadoras mais pobres ter uma aposentadoria mais digna”.
 
Ao final do encontro foi realizado um debate sobre o tema e a central também divulgou a resolução do encontro. O texto do documento aprovado afirma que "só a construção de uma ampla frente no Congresso e a mobilização popular vão interromper e barrar o golpe e criar as condições para a retomada do crescimento da economia e do emprego".
 
Leia a íntegra abaixo:
 
Resolução Política do Conselho Político Nacional da CTB
 
 
Reunido em São Paulo no dia 8 de abril de 2016, o Conselho Político da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, depois de avaliar a conjuntura, aprovou a seguinte resolução:
 
1- Está em curso no país, sob a máscara de um pedido de impeachment, sem nenhum fundamento legal, um golpe de Estado que afronta o Estado Democrático de Direito e ameaça a soberania nacional, o processo de integração da América Latina e Caribe e suas instituições (como Celac e Unasul) e os direitos sociais;
 
2- Por trás do golpe, atuando como forças ocultas ou abertamente, movem-se interesses poderosos associados ao imperialismo, capitaneado pelos EUA, e à grande burguesia nacional, que exploram e aprofundam a crise econômica e instrumentalizam setores do Judiciário, do Ministério Público, Polícia Federal e os monopólios midiáticos liderados pela Rede Globo, que configuram o chamado Partido da Imprensa Golpista (PIG). São as mesmas forças sociais que respaldaram o golpe militar de 1964;
 
3- A classe trabalhadora é o principal alvo dos golpistas, cuja agenda prioriza uma reforma trabalhista que acaba com a CLT, impõe a terceirização generalizada, reverte as conquistas arrancadas nos últimos anos, privatiza a Petrobras, entrega o pré-sal ao capital estrangeiro, rasga a Constituição Cidadã de 1988, criminaliza os movimentos sociais e atropela as liberdades democráticas, instalando a ditadura;
 
4- Sinais do futuro que nos espera, se o golpe que já está em curso triunfar, podem ser percebidos nas ações truculentas e ilegais das Polícias Militares do governo Alckmin e outros governos de direita contra os movimentos sociais, nos atentados contra sedes de partidos de esquerda e do movimento estudantil e no assassinato de trabalhadores rurais na Paraíba e no Paraná. A CTB manifesta sua solidariedade às famílias dos companheiros assassinados, exige a mais rigorosa apuração desses crimes e punição dos responsáveis e reitera seu total e ativo apoio à reforma agrária e participação na campanha nacional que será realizada sob esta bandeira no dia 19 de maio;
 
5- Diante da grave crise política, econômica e institucional que perturba a nação, o Conselho Político orienta as direções estaduais e o conjunto da militância da CTB a realizar – em aliança com as outras organizações que compõem a Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo – uma ampla jornada de luta contra o golpe, em defesa da democracia, da soberania e dos direitos sociais. É hora de mobilização total para conscientizar a classe trabalhadora sobre o que está em jogo na luta política e desmascarar a mídia golpista;
 
6- Só a construção de uma ampla frente no congresso e a mobilização popular vão interromper e barrar o golpe e criar as condições para a retomada do crescimento da economia e do emprego. A CTB deve fortalecer o acampamento contra o golpe e pela democracia que funcionará em Brasília a partir do dia 10 de abril, as manifestações convocadas para os dias 11 e 15 e a vigília nacional dia 17, para quando está prevista a votação do impeachment pelo plenário da Câmara Federal.
 
São Paulo, 8 de abril de 2016
 
Conselho Político da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)