Para o Financial Times, impeachment pode levar o Brasil ao caos

O jornal britânico Financial Times diz acreditar que o impeachment da presidente Dilma Rousseff pode ser apenas o começo de mais problemas para o Brasil.

Comissao Especial Impeachment - Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara

Em reportagem publicada nesta quinta-feira, o correspondente do jornal no país, Joe Leahy, explica o complexo cenário político que marcará a votação do processo na Câmara dos Deputador neste domingo.

Em formato de perguntas e respostas, o texto chama a atenção para o que denomina "julgamento político" de Dilma, embora ressalte as acusações relacionadas às pedaladas fiscais, que baseiam o pedido de afastamento. "O impeachment é, essencialmente, um voto de desconfiança.", escreveu Leahy. O joral afirma que  Dilma não está envolvida no escândalo de corrupção Petrobras, ao contrário de muitos políticos em Brasília. Destacar que apesar de ter sido presidente da Petrobras na época, não existe nenhuma acusação contra ela.

O Financial Times afirma que há a possibilidade de o processo de impeachment trazer mais instabilidade ou mesmo "jogar o país no caos".

O jornal cita o fato de que o vice-presidente e possível substituto de Dilma, Michel Temer (PMDB), também corre o risco de perda de mandato por causa da investigação sobre o financiamento da campanha eleitoral que, em 2014, reelegeu ambos.

E, apesar de classificar um eventual governo Temer como mais "amigável" para o mercado, aponta o risco que ele enfrentaria ao ter o PT de volta à oposição, sobretudo por causa da tese defendida por Dilma e seus aliados de que o impeachment é um golpe.

"Se, assim como muitos acreditam, ela (Dilma) e o partido (PT) se recusarem a aceitar o resultado do processo de impeachment, o Brasil entrará em território desconhecido", opinou Leahy.

A publicação britânica ressalta a crise econômica brasileira e vê culpabilidade de Dilma, além de mencionar que, embora não seja alvo das investigações do escândalo de corrupção da Petrobras, ela foi presidente do Conselho de Administração da estatal entre 2003 e 2010, período em que o esquema operava.

O diário londrino, porém, menciona as pesquisas de opinião que mostram um grande número de brasileiros (58%) como também favoráveis ao impeachment de Temer.

O texto inclui uma comparação com os eventos que levaram ao afastamento de Fernando Collor de Mello da Presidência da República em 1992, em que Leahy observa o fato de que tanto ele à época quanto Dilma terem uma popularidade baixíssima.

Mas o Financial Times observa que, ao contrário de Collor, Dilma tem o apoio de um partido forte no Congresso.