Ato no Anhangabaú domingo (17) aguarda milhares contra o golpe

O próximo domingo, 17 de abril, será um dia decisivo para o país, data em que está marcada a votação de um processo que tenta derrubar um governo popular eleito por meio das urnas. E para impedir esse golpe, militantes, movimentos sociais e sindical estarão reunidos no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, no ato e vigília em defesa do Estado de Direito.

Manifestação contra o golpe no dia 18 de março de 2016

Com concentração a partir das 10h, a atividade organizada pela Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, terá participações de políticos, ativistas e artistas do campo democrático, que irão se revezar nas falas ao longo do dia.

Os manifestantes que forem ao local poderão acompanhar, além do ato político, os desdobramentos da votação que ocorrerá em Brasília por meio dos telões que serão instalados no local. Todos esses detalhes foram apresentados durante coletiva de imprensa, realizada nesta quinta-feira (14), no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Em relação à segurança dos participantes, os organizadores disseram que toda a estrutura necessária está sendo garantida. “Já fizemos reunião com o comando da Polícia Militar sobre toda a dinâmica do domingo para garantir a segurança dos manifestantes e, na ocasião, apresentamos uma preocupação não somente em relação ao local do evento, mas também na cidade, no trajeto ao ato”, afirmou

Além da PM, houve conversas com os representantes da Guarda Civil Metropolitana, CET e o Metrô, que reforçarão seus efetivos no domingo. Com isso, é esperado um número significativo de participantes no Anhangabaú. “Estamos certos de que faremos um ato bonito, com a participação do povo, da classe trabalhadora. E sabemos que o golpe não vai passar”, diz o dirigente.

O coordenador estadual do MTST e representante da Frente Povo Sem Medo, Josué Rocha, chama atenção ao fato das manifestações contra o golpe e a favor da democracia terem crescido nas últimas semanas. “Basta observar o número de atos e mobilizações nas mais diversas cidades do país. Isso porque está cada vez mais claro o caráter de golpe que está se montando em torno do impeachment.”
 
Ele lembra que esse processo, sem crime de responsabilidade comprovado, está sendo conduzido por um presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), envolvido em crimes e denúncias de corrupção.
A votação no domingo sobre a abertura de um processo de impeachment foi uma manobra de Cunha, já que é um dia incomum para votações no Congresso. A data foi combinada com setores da direita que apoiam e financiam o golpe.
Os movimentos alertam que caso esse processo seja levado a diante, além de derrubar um governo reeleito por mais de 54 milhões de votos, ameaça os direitos da classe trabalhadora e do povo brasileiro. Mas diferente do que a mídia tradicional tenta passar, não há uma definição sobre qual pode ser o resultado na Câmara.
Raimundo Bonfim, coordenador estadual da CMP, lembra que faz um mês que a direita realizou uma manifestação na Paulista. “Sentenciaram, em seguida, que o golpe estava dado e não havia mais o que fazer. Mas imediatamente o nosso campo popular e democrático reagiu e fez uma grande manifestação no dia 18 e a gente virou o jogo político que, neste momento, ainda está sendo jogado.”

Questionado sobre a atuação de Michel Temer nesse processo, Raimundo diz que o vice-presidente da República sabe que se trata de um golpe. “O impeachment é um mecanismo previsto na Constituição, mas, para que isso ocorra, o mandatário precisa ter cometido crime de responsabilidade e o Temer sabe que Dilma não cometeu nada.”
Sobre a possibilidade do golpe ocorrer e o Temer assumir, o presidente estadual da CTB, Onofre Gonçalves, conta que os movimentos estarão intensamente nas ruas contra o governo. “Não tem a menor chance de reconhecermos quem não foi eleito pelo povo democraticamente e vamos seguir lutando.”
Repactuação
Ao falar sobre como deve ser o governo Dilma após ganhar na votação, Douglas acredita que deve haver uma repactuação com o Congresso Nacional. “Será preciso construir uma nova dinâmica de construção política, inclusive chamando os movimentos populares para participar desse novo momento do país”, declara o dirigente da CUT.
“Nós não podemos conceber que, já no segundo ano do governo, a presidenta não consiga ter governança porque tem gente que trabalha no quanto pior melhor. Precisamos acabar com esse cenário, retomar o crescimento econômico, que fortaleça o mercado interno, gerando emprego e renda”, afirma.
Por fim, Sandra Mariano, da Coordenação Nacional de Entidades Negras, pontuou que, após a derrota do impeachment, os movimentos sociais continuaram lutando pela ampliação dos direitos da população, “como sempre estiveram”.
Pesquisa
 
Durante a coletiva, Douglas também apresentou os dados da pesquisa CUT/Vox Populi, divulgada nesta quinta (14), e que mostra que para 58% dos brasileiros o golpe de Estado em curso não é a solução para os problemas econômicos e políticos do país. Para os entrevistados, apenas 35% acham que a cassação do mandato da presidenta Dilma resolve os problemas.