Deputados defendem novas eleições se processo for aberto no Senado 

Após a Câmara autorizar a instauração de processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, parlamentares contrários ao que consideram um golpe defenderam a convocação de novas eleições, caso o processo seja aberto pelo Senado. Segundo eles, o vice-presidente da República, Michel Temer, não tem legitimidade para conduzir o País. 

Deputados defendem novas eleições se processo for aberto no Senado - Agência Câmara

O vice-líder do PT, deputado Wadih Damous (RJ), defendeu a realização de novas eleições, destacando que “o governo que vier a encabeçar aqui não tem representatividade nem legitimidade política e moral para governar o País”, afirmou.

O líder do PCdoB, deputado Daniel Almeida (BA), afirmou que o processo na Câmara foi marcado por ilegalidades e manobras. Ele também defendeu novas eleições. "Se Temer responder ao mesmo processo que levou à admissibilidade (do impeachment) da Dilma, não fica outra alternativa. É o momento de se pensar em novas eleições, em eleições gerais, não só presidencial, mas pensar em uma eleição geral nesse país para colocar as responsabilidades de novos rumos, de mudanças efetivas na mão do povo”, disse.

Daniel Almeida defendeu, ainda, que o Senado barre o processo de impedimento da presidente Dilma. “Passou-se uma ideia de que o impeachment produzirá soluções fáceis para o País, o que é uma falsificação, é um processo que no final acabou prevalecendo o efeito de manada”, lamentou.

O líder do PDT, deputado Weverton Rocha (MA), também defendeu novas eleições. “Precisamos de alguém eleito de forma legítima; não dá para achar que tirando um gestor ruim vai resolver colocando um pior. As eleições legitimariam um representante e acalmariam os demais, porque, pelo menos, quem perder não vai fazer como o PSDB”, acusou.

Para ele, “hoje foi feita uma eleição indireta. É preciso ter muito cuidado. Queremos pedir ao povo que se desarme. Já basta o destemperamento e a falta de juízo desta Casa em fazer um movimento tão agressivo para a destituição de um representante eleito democraticamente, como foi o caso da presidenta Dilma”, criticou Rocha.

Grande farsa

O líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP), disse que pedalada fiscal não é crime e o afastamento de Dilma é uma farsa: “O que estamos assistindo aqui é uma grande farsa, uma armação que foi feita para tirar uma presidente da República sem crime de responsabilidade, Impopularidade, conjunto da obra, denúncias genéricas de corrupção não são motivos para impeachment”.

O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), acredita que o Senado vai reverter essa decisão. “Os golpistas venceram, mas a luta continua. Vamos barrar o processo no Senado. O Senado pode corrigir essa ação dos golpistas”, enfatizou.

Guimarães afirmou que não vai se abater, pois, segundo ele, as ruas estão com o governo: “O mundo inteiro começa a se levantar contra o impeachment”. O líder enfatizou que a decisão da Câmara é um desrespeito aos 54 milhões de pessoas que votaram na presidente Dilma Rousseff. Para ele, o vice-presidente, Michel Temer, não tem condições de administrar o País e “o processo de impeachment foi conduzido por pessoas que não tem ética”.