Cunha já mostra asinhas: "Câmara não será uma empregada de Temer"

Ao falar com a colunista do Estadão, Andreza Matais, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de denúncias por contas secretas no exterior e recebimento de propina da Petrobras, disse que está tranquilo quanto ao processo de cassação contra ele, pois o mesmo deve ser anulado. Cunha afirmou ainda que os deputados "não serão empregados" de Michel Temer, caso ele assuma a Presidência da República.

Eduardo Cunha anuncia rompimento com o governo Dilma - Agência Brasil

Sobre a lentidão no processo de cassação contra ele na Câmara dos Deputados, Cunha responsabilizou o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA) pela demora. Segundo Cunha, Araújo "erra propositalmente para que meu processo leve o tempo do mandato dele inteiro, porque é a oportunidade que ele tem para aparecer na TV. É um parlamentar que, na sua adolescência, era ladrão de toca-fitas. Do jeito que conduz, será tudo anulado", disse Cunha e completou: "Eu vou sair da presidência da Câmara dia 1.° de fevereiro de 2017".

Michel Temer

Na entrevista, Eduardo Cunha afirmou que manterá posição contra um possível impeachment de Michel Temer, mas avisa que o governo Temer não vai poder tratar "os deputados como empregados dele, assim como faz o governo do PT", afirmou. Ao ser questionado se o governo Temer será melhor que o da Dilma, Cunha respondeu:  "Não adianta dizer se é melhor ou pior. É o que lá está". 

Toma lá dá cá

"O grande erro do governo do PT foi achar que ia ter no Congresso empregados para poder dizer 'amém' a tudo aquilo que queria implementar. (…) Certamente o Michel não fará uma união que não seja com todos participando do processo decisório, de tudo", ressaltou.

Na entrevista, Cunha responsabilizou o PT e o governo Dilma pela crise política, dizendo que o PT  se compara a uma organização criminosa. "O PT não tem condições morais de acusar quem quer que seja. Não é só a mim", completou.