Plano Temer revela total desconhecimento sobre pobreza no Brasil
Em entrevista coletiva com blogueiros na manhã desta quarta-feira (4), em Brasília, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, advertiu sobre o grave risco de retrocesso na área social diante de um possível governo Temer. Para ela, o plano Travessia Social revela um profundo desconhecimento da realidade do povo mais pobre do país.
Publicado 05/05/2016 09:40
“O documento intitulado Travessia Social, aliás o mesmo nome do programa do candidato Aécio Neves, derrotado nas eleições de 2014, fala, por exemplo, que a pobreza afeta grupos humanos dispersos no Brasil, desconhecendo completamente que cerca de 55% da pobreza estão localizados nos centros urbanos. Não são, portanto, grupos humanos dispersos”, assinalou a ministra.
Além de revelar um desconhecimento sobre a realidade da pobreza no país, acrescentou, esse documento sinaliza retrocessos graves como a proposta de reduzir o Bolsa Família para apenas 5% dos mais pobres. “O nosso debate sempre foi para incluir. Agora, eles estão propondo uma agenda para excluir, sinalizando um risco de grande retrocesso na rede de proteção social. Se essa agenda for aplicada, poderemos voltar a perder gerações inteiras no país”, disse Tereza Campello.
Nas últimas semanas, assinalou ainda a ministra, o debate sobre políticas sociais voltou à mídia, reproduzindo uma série de preconceitos e inverdades. “Várias pessoas saíram falando absurdos sobre o Bolsa Família. Nós recebemos gente de todo mundo que vem conhecer nossa experiência. O Banco Mundial considera o Bolsa Família o melhor programa de transferência de renda do mundo.”
“Tem gente que diz que o Brasil está vivendo uma crise porque gastou muito com o Bolsa Família, o que é falso. Quanto custaria para o Brasil não pagar o Bolsa Família? Eu topo fazer esse debate. Tirar o pobre do orçamento não vai resolver problema fiscal nenhum e o custo no longo prazo será enorme para o Estado e para a sociedade brasileira.”
“Nós fizemos o cálculo de quantos perderiam o Bolsa Família se ele fosse reduzido a apenas 5% dos mais pobres. Só de crianças até 15 anos seriam 7 milhões. Estão nos excluindo dessa discussão e, mais do que isso, querem proibir que falemos, que defendamos o que fizemos nestes últimos anos e advertindo para os riscos de retrocesso. O nível de preconceito contra a população pobre no Brasil está chegando a um patamar perigoso. Não é mais o patamar confuciano do tem que ensinar a pescar, é xingar de vagabundo mesmo. O padrão é voltar à época da escravidão”, denunciou a ministra.