Ciro sobre Cunha: É um dia de comemorar, sem achar que o céu é perto

Durante debate realizado nesta quinta-feira (5) no Teatro Oficina, em são Paulo, convocado pela rede Mídia Ninja, o ex-ministro Ciro Gomes comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato e da presidência da Câmara.

Ciro Gomes - Charles Sholl/Futura Press

"É um dia de comemorar, sem achar que o céu é perto", ponderou Ciro. Apesar de considerar que foi tardia, Ciro disse que a "decisão é importante de por si”, pois “não é fácil, e não há um único precedente do Supremo de afastar um deputado de seu mandato".

Ciro classificou Cunha como um "psicopata" e "bandido-mor", lembrando que, quando deputado, anos atrás, já se dirigiu a ele em plenário como "ladrão". Segundo ele, Cunha – por interesses empresariais – tinha a prática de incluir em emendas os chamados "jabutis", assuntos sem relação com o tema principal.

Ciro disse ter lido todo o parecer do ministro do STF Teori Zavascki. "É irrespondível", avaliou, apontando o risco de a decisão causar certa "desmobilização" na sociedade. Para ele, "parte importante da elite brasileira" já pensava em "entregar a cabeça" de Eduardo Cunha.

Também no debate, o produtor cultural Claudio Prado também disse considerar Cunha um psicopata, "no sentido de que volta ao local do crime como se não tivesse a ver com aquilo". Ele avalia que a decisão do STF pode ter a ver com o fato de alguns ministros começarem "a pensar em sua biografia jurídica". Mas acrescentou que não se trata de um problema só brasileiro: "O (Donald) Trump é candidato à presidência dos Estados Unidos".

A filósofa e feminista negra Djamila Ribeiro disse ter sido uma das pessoas que não viram motivo de comemoração na decisão do STF. E afirmou que existe ainda muito "romantismo" em torno da periferia, onde "muita gente apoia o golpe" e só se informa pela Rede Globo. "Muitas pessoas que serão atingidas comemoraram a decisão da Câmara", acrescentou, referindo-se à sessão de 17 de abril que aprovou a continuidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, agora em discussão no Senado. "Muitos estão reproduzindo um discurso que irá prejudicá-los."