PHA defende novas eleições e afirma: crise fez cair todas as máscaras
Ao comentar a cobertura da mídia sobre o impeachment, o jornalista Paulo Henrique Amorim afirmou, nesta segunda (09), que a crise política pela qual passa o país fez cair “todas as máscaras”. Para ele, só o povo pode resolver a situação atual. Nesse sentido, Amorim defendeu que a presidenta Dilma Rousseff envie ao Congresso uma Proposta de Emenda Constitucional, convocado novas eleições. Ele também elogiou a iniciativa do PCdoB, que propôs realizar um plebiscito para tratar da questão.
Publicado 09/05/2016 21:06

“A grande vantagem é que caíram todas as máscaras. Essa crise tem um valor pedagógico inestimável”, declarou ao Portal Vermelho. Para ele, diante de uma cobertura que classificou como “péssima” e “partidarizada”, ninguém mais poderá “se esconder” atrás do discurso da liberdade de imprensa ou da imparcialidade do Judiciário. “Estão todos nus diante da história”, avaliou.
Saídas para a crise política
Durante o debate Que Brasil é esse, sobre a mídia e a subjetividade dos brasileiros – que aconteceu em São Paulo, nesta segunda (09) – o jornalista defendeu que só o povo poderá encerrar a crise política brasileira.
Para ele, a saída tem que passar pela vontade popular e poderia ser a convocação de novas eleições. Amorim também elogiou a atitude do PCdoB, que colocou para discussão popular a proposta de realização de um plebiscito para que a população decida se deve haver novas eleições.
De acordo com o jornalista, os três poderes – Executivo, Judiciário e Legislativo – não têm condições de resolver o imbróglio da política brasileira. Segundo ele, Dilma tem a responsabilidade histórica de tomar a iniciativa de enviar uma PEC ao Congresso convocando eleições diretas. Para Amorim, isso daria “consequência política” à possível derrota que se avizinha, caso o impeachment seja aprovado.
O jornalista defendeu ainda que o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), prestou um grande serviço ao país, ao anular a tramitação do impeachment, pois agora o Supremo Tribunal Federal “não vai ter que ficar decidindo apenas sobre o rito” do impedimento e deverá se posicionar, dizendo se há ou não um golpe no país. “Todos vão ter que colocar a mão na lama, inclusive o Supremo”, disse.
Ao comparar o atual momento com o golpe de 1964, afirmou: "Em 1964 ainda havia a camuflagem da guerra fria. Agora não. Esse golpe é pra entregar a Petrobras, mexer no salário mínimo, nos direitos trabalhistas, na Previdência. As vísceras do projeto golpista estão à vista de todos. Eles acham que o povo não está prestando atenção? Que ligam no Bom Dia Brasil e falam 'olha, que coisa, temos um novo presidente'? Será árduo, mas vai ter luta, e o pau vai comer"
A mídia no golpe
Em um discurso forte, ele defendeu que a presidenta deveria responsabilizar a Rede Globo pela crise. Segundo ele, Dilma descreve “o crime, mas não diz quem é o responsável por ele”. Para Amorim, a falta de reação tem alimentado a atuação partidarizada da mídia.
Questionado pelo Portal Vermelho sobre como é possível combater o monopólio da comunicação no Brasil, ele respondeu que é preciso seguir o exemplo da Argentina e ir às ruas, pressionando o governo por mudanças na legislação.
“Você já viu um sindicato ou alguma organização social na porta do Palácio do Planalto, exigindo uma lei de meios, como na Argentina?”, indagou, lembrando que no país vizinho, os argentinos “quase fecharam a Casa Rosada”, ao cobrarem da então presidenta Cristina Kirchner uma regulamentação dos meios de comunicação.
Promovido Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e a Fespsp, o debate Que Brasil é esse reuniu Paulo Henrique Amorim e a também jornalista Renata Mielli, coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação.