Deputados protestam contra golpe e atrasam votação na Câmara 

 A sessão do Plenário da Câmara desta segunda-feira (23) teve obstrução do PT e do Psol, o que atrasou em quatro horas o início da votação da Medida Provisória que federaliza trechos de rodovias em 15 estados. O processo de obstrução foi conduzido para marcar posição contra o governo ilegítimo de Michel Temer e a divulgação de diálogos entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, sobre um acordo para conter a Operação Lava Jato.

Deputados protestam contra golpe e atrasam votação na Câmara - Agência Câmara

A sessão, que terminou quase duas horas da manhã, aprovou a Medida Provisória editada pela presidenta eleita Dilma Rousseff autorizando a União a reincorporar trechos da malha rodoviária federal transferidos aos estados e ao Distrito Federal. A matéria será votada ainda pelo Senado.

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), votou favorável a MP. Ele explicou que “os brasileiros reconhecem o governo que elegeram. Na democracia, vale o voto, a soberania do voto. O governo que os brasileiros colocaram para dirigir o país até 31 de dezembro de 2018 chama-se Dilma Rousseff”, acrescentando que “o governo que está aí é o governo ilegítimo, é um impostor, é um governo — agora fica claro para os brasileiros — que tem como um dos objetivos centrais proteger corruptos e impedir a Operação Lava Jato, um governo que tem uma agenda de retrocessos, uma agenda que leva o País para o passado.”

A MP determina que 14,5 mil km de rodovias transferidas a 15 estados em 2002, pouco mais de 10 mil km, voltam ao controle da União: a maior parte em Minas Gerais (2,8 mil km), Rio Grande do Sul (1,8 mil km) e Bahia (1,3 mil km).

Os trechos terão de atender a critérios como o de promover a integração regional, interestadual e internacional; ligar capitais de estados entre si ou ao Distrito Federal; atender a fluxos de transporte de grande relevância econômica; e promover ligações indispensáveis à segurança nacional.

Para Daniel Almeida, a MP é importante porque a União tem melhores condições de cuidar dessas estradas, aliás, corrigindo um erro cometido lá no Governo Fernando Henrique, que passou estradas federais para os Estados e não deu a correspondente estrutura e recursos, para a sua manutenção. Portanto, estamos buscando corrigir esse problema lá do Governo do Fernando Henrique.”

Protesto contra golpistas

Antes de iniciada a votação, o PT e o Psol fizeram obstrução da votação para chamar atenção para o caso que mobilizou todas as atenções do Congresso nesta segunda-feira. “O Brasil ficou estarrecido com as conversas que revelam um esquema criminoso por trás dos votos do impeachment. Por isso, fica difícil tratar de outros temas”, disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

O líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP), também defendeu a obstrução. “O Psol não quer que se votem as questões aqui antes que se discuta o que ocorreu hoje. Parece que aqui tem uma paz dos cemitérios. O grande ministro forte já se afastou do governo pelas gravações mostrando que ele obstruía a Operação Lava Jato, já que era denunciado por corrupção. O Psol quer fazer oposição a isso”, disse.

O clima esquentou depois que o presidente da sessão, deputado Giacobo (PR-PR), cortou o microfone do deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) porque ele usava o tempo para marcar posição contra o governo Temer. Ao corte do microfone seguiu-se gritaria em Plenário e Edmilson reivindicou o seu tempo de fala. Giacobo decidiu, então, devolver ao parlamentar do Psol o direito de falar.