Ho Chi Minh e o caminho da libertação vietnamita

Em 5 de junho de 1911 partiu com destino à França, no transatlântico Amiral Latouche-Tréville, o jovem Nguyen Sinh Cung, que é conhecido mundialmente como Ho Chi Minh, o líder do movimento de libertação vietnamita.

Por Duong Bui*

Ho Chi Minh - Reprodução

Assim começou o longo caminho de busca da salvação nacional de quem mais tarde dirigiu o país asiático para a vitória contra as grandes potências mundiais, os colonialistas franceses e os norte-americanos.

Nghe An, um pequeno povoado na parte norte-central do Vietnã, viu nascer em 19 de maio de 1890 Nguyen Sinh Cung, o terceiro filho de uma família humilde.

Durante sua estadia no exterior, o jovem revolucionário adotou o nome de Nguyen Ai Quoc, que significa "o patriota", e finalmente chegou a ser Ho Chi Minh ou "o que ilumina".

Talvez uma das razões que o inspiraram na luta pela independência foram os anos da infância que viveu em um país dominado pelo jugo dos colonialistas franceses e os senhores feudais locais.

Nessa época, os episódios sobre os heróis e os patriotas, assim como as lições de seu pai, infundiram em Ho Chi Minh o amor à sua pátria.

Com o propósito de encontrar o caminho para libertar os vietnamitas, percorreu cidades da Europa, África e América, atraído pelos ideais de liberdade e democracia.

Em certa ocasião contou: "Aos 13 anos, ouvi pela primeira vez as palavras francesas liberdade, igualdade, fraternidade". Então quis conhecer essa sociedade, e encontrar o que tinha por trás destas palavras".

Sem dúvida, esse percurso por lugares tão variados e de distintos graus de desenvolvimento, permitiu-lhe aperfeiçoar suas ideias e encontrar o caminho adequado para a luta nacional.

Ho Chi Minh observou que os povos padeciam dos mesmos sofrimentos e humilhações pelo sistema colonial e capitalista, o que intensificou o desejo do jovem patriota de reivindicar os direitos para os trabalhadores.

De acordo com suas ideias, apesar da multiplicidade de cores, só há duas raças no universo: a dos exploradores e a dos explorados, e existe uma fraternidade que é verdadeira: a fraternidade proletária.

O trabalho, o estudo e a luta revolucionária amadureceram sua ideologia que se identificou com a causa dos operários do Vietnã e de outras nações.

Ho Chi Minh fundou o Partido Comunista do Vietnã em 1930 com o objetivo de reunir todo o país sob o lema de combater o colonialismo, alcançar a libertação nacional e construir o socialismo.

Sua fórmula consistiu em combinar as formas da luta política e militar e impulsionar os movimentos de massa e preparar as condições necessárias para a insurreição.

Apesar de muitas dificuldades, o povo vietnamita alcançou a vitória em 1945 com a derrota do regime colonialista francês imposto por quase 100 anos, e a declaração da independência da República Democrática do Vietnã em 2 de setembro desse mesmo ano.

Ho Chi Minh converteu-se no presidente do jovem Estado e convocou a diversas campanhas para a reconstrução.

Em 1946 os franceses, apoiados pelos norte-americanos, atacaram outra vez a península indochina para reconquistar suas colônias.

Diante das ameaças todo o povo vietnamita combateu pela independência sob a direção do Tio Ho, como o chamavam carinhosamente.

A vitória na batalha de Dien Bien Phu em 1954 obrigou as tropas francesas a se retirarem, mas Vietnã se dividiu em dois Estados: o Norte e o Sul, a espera de uma eleição geral para a reunificação no próximo ano.

Com a ambição de dominar o sudeste asiático através da posição estratégica da nação indochina, Estados Unidos apoiou o governo do Vietnã do Sul para travar a guerra mais longa e sangrenta da história norte-americana, que durou mais de 20 anos.

O presidente Ho Chi Minh declarou, em um apelo aos compatriotas, que a guerra poderia se estender por vários anos, mas o Vietnã venceria.

Foi em 1975 quando se consumou tal profecia com o nascimento da República Socialista do Vietnã, porém o tio Ho não chegou a ver este final, pois faleceu em 1969.

Na memória do povo vietnamita ainda vive a imagem do presidente levando sandálias de borracha e um traje cáqui desbotado, demonstração do exemplo de vida laboriosa, humilde e simples, inteiramente consagrada ao país.

Quando em 5 de junho de 1911 aquele jovem humilde de 21 anos chegou no navio Amiral Latouche-Tréville, ninguém suspeitou que mudaria para sempre a história da humanidade com a vitória de um pequeno povo ante potências mundiais.

Para os vietnamitas, o tio Ho ainda caminha pelas ruas e seu desejo de construir um país 10 vezes mais formoso se cumpre hoje nos avanços do Vietnã moderno em vias de desenvolvimento.