Delação de filho de Machado preocupa Temer

O clima no governo provisório de Michel Temer é de tensão. Ocupando a Presidência da República após o afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff, Temer se vê diante de uma situação que não estava nos planos ao articular com seus pares a aprovação do afastamento da presidenta.

Temer posse - Agência Brasil

Baseando-se nas revelações trazidas pelos áudios feitos por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e apontado como operador do PMDB no esquema investigado pela Lava Jato, tudo mudaria no Brasil a partir do golpe e da formação do gabinete dos sem voto.

A cúpula do PMDB, liderada por Temer e Eduardo Cunha (RJ), acreditou que barrar as investigações da Lava Jato era questão de tempo. Mas o vazamento dos áudios e o que ainda está por vir anda tirando o sono dos caciques peemedebistas.

A grande imprensa afirma que a preocupação é com novas citações e o impacto no governo de “salvação” que Temer queria criar. A conversa do senador Romero Jucá (RR), um dos mais próximos a Temer, jogou o primeiro balde de água fria. Depois vieram as gravações de Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, e do ex-presidente José Sarney (MA).

A mais recente foi a de Fabiano Silveira, ministro da Transparência (antiga Controladoria Geral da União, que Temer extinguiu). Fabiano aparece em gravação orientando o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, a como agir perante as investigações da Lava Jato.

Agora a tensão recai para a delação premiada do filho de Sérgio Machado, Expedito Machado Neto, conhecido como Did, que é apontado como o responsável pelas operações financeiras da cúpula do PMDB.

Domiciliado em Londres, na Inglaterra, Did controla um fundo de investimentos e sua delação premiada foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, juntamente com a do pai, Sérgio, sendo uma complementar à outra.

De acordo com especulações da imprensa, Did apresentou documentos que comprovariam o caminho do dinheiro desviado de obras e serviços.

Ainda segundo a imprensa, Sérgio e seu filho acertaram devolver aos cofres públicos os recursos financeiros provenientes de corrupção investidos no fundo que Did controlava. Fal-se em “quantia surpreendente”.

A grande mídia, que tem acesso “exclusivo” ao processo sigiloso, afirma que tais provas apresentadas por Sérgio e Did comprometeriam diretamente Renan, Jucá e Sarney e que seriam mais reveladoras do que os áudios gravados.