Nós feministas vamos levar o Brasil para frente. Aceita que dói menos
Empoderamento feminino, racismo, machismo e LGBTfobia são temas cada vez mais presentes no trabalho de artistas jovens e veteranas. Linha de frente na maioria dos atos, intervenções e protestos contra os recentes retrocessos no nosso país, as mulheres, principalmente as negras, tem gritado cada vez mais alto no cenário musical mainstream.
Por Dandara Lima*, especial para o Vermelho
Publicado 03/06/2016 17:03

A interpretação emocionante de Yzalú para a música "Mulheres Negras", composta por Eduardo Ex-Facção Central, chamou a atenção para a artista. Nascida na periferia de São Paulo, ela se envolveu com a música aos 16 anos, mas lançou seu primeiro álbum no 8 de março deste ano, intitulado “Minha Bossa é Treta". Yzalú, mulher negra, feminista e periférica, dá voz às pautas negligenciadas pelo feminismo branco.
"Não existe lei maria da penha que nos proteja,
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza;
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas,
Fora macacos cotistas;
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão,
Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação;" – trecho da música Mulheres Negras
Yzalú
A rapper Karol Conka vem fazendo sucesso dentro e fora do Brasil levantando a bandeira do empoderamento feminino. "Nós, feministas, vamos levar o Brasil para frente. Aceita que dói menos!", declarou a ela na edição desse ano do Lollapalooza no Brasil.
Karol também fala da autoestima da mulher negra, na última edição do São Paulo Fashion Week, ela afirmou: "Nosso cabelo é bonito sim. É uma libertação do que foi imposto quando a gente era jovem e sofria". A sua "Tombei", lançada em 2014, virou gíria e é tocada até hoje.
Karol Conka
A MC Carol ficou famosa com as suas declarações no reality Lucky Ladies, da Fox Life, apresentado pela funkeira Tati Quebra-Barraco. Ela compôs "Meu Namorado É Maior Otário" para chamar atenção. "Ele lava minhas calcinhas, faz comida, me ajuda em tudo. Mas não o acho otário, ele é um exemplo. Os homens têm de ser menos machistas e dividir as tarefas”, declarou para o jornal O Dia. Ela causou polêmica com "Não foi Cabral", onde questiona o conceito de descobrimento do Brasil, chamando atenção até de professores.
MC Carol
Luana é produtora musical, rapper, dj, e já foi jogadora de futebol profissional, chegando a atuar fora do país. Feminista e lésbica, Luana precisou montar seu próprio estúdio porque cansou de ouvir: “Olha, cê rima pra caralho, mas os caras não querem ver uma mina rimando, eles querem ver a mina sensualizando. Eles vão pagar pra ver uma mina rimar mais que eles?”.
MC Luana Hansen
Maíra é uma youtuber famosa, dona do canal "Nunca Te Pedi Nada" com mais de 200.000 inscritos. Feminista e defensora dos direitos LGBTs, ela fez uma paródia da música "Essa mina é louca" da Anitta, chamando atenção das "migas" para relacionamentos abusivos. O vídeo estão chegando a 2 milhões de visualizações. Na paródia ela e outras youtubers cantam "Miga sua louca, larga desse boy que solta asneira pela boca, fica reclamando do tamanho da sua roupa. Hey boy, cala a boca".
Maíra Medeiros