Ciro Gomes: “Michel Temer é testa-de-ferro do Eduardo Cunha”

Entrevistado pela jornalista Mariana Godoy na noite de sexta-feira (3), Ciro Gomes iniciou a conversa com uma expressão bem atual: “Primeiramente, fora Temer”.

Ciro Gomes - Reprodução
O ex-ministro não poupou o presidente provisório e seu partido: “O PMDB é um ajuntamento de grupos estaduais que se caracterizou mais recentemente como uma quadrilha. Tem muita gente boa, gente séria, mas os que tomaram conta do PMDB são uma quadrilha”. Para ele, “Temer é testa-de-ferro de Eduardo Cunha”.

Ciro afirmou que a aliança PT-PMDB resultou em “roubalheira”. O político disse que foi processado por Eduardo Cunha, pois o chamou de “ladrão”, e que foi processado por dano moral por Michel Temer: “Façam uma pesquisa da quantidade de medidas provisórias que ele, Temer, entregou para Cunha relatar”.

“Eu vou pensar mil vezes antes de ser candidato. Eu já fui candidato duas vezes e as coisas pioraram como tal que para um camarada como eu é praticamente inumana”, afirmou Ciro sobre sair candidato à Presidência da República.

Com relação às decisões polêmicas e aos escândalos envolvendo o governo Temer, Ciro Gomes foi taxativo: “Começou a cair a máscara do golpe”. Ciro voltou a afirmar que há uma série de fatores que motivaram o processo de impeachment contra Dilma Rousseff , que, para ele, foi vítima de um golpe.

Ciro elencou uma série de fatores que, sob sua ótica, contribuiu para o afastamento da presidenta. Como motivação política, ele citou a paralisação da Lava Jato, cujos áudios que circularam nos meios de comunicação nos últimos dias poderiam comprovar.

Citou, também, motivos estratégicos, que obedeceriam à hegemonia dos interesses financeiros. Segundo Gomes, a tarefa principal de Henrique Meirelles à frente do Ministério da Fazenda é gerar um excedente financeiro para que o país atenda aos interesses de banqueiros internacionais com o serviço da dívida, que consome anualmente cerca de R$ 600 bilhões. Esse dinheiro que sobra para os banqueiros é o que falta para atender as necessidades dos brasileiros, na opinião do ex-ministro.

Para Ciro Gomes, Temer descumprirá os “acordos” que teria feito em troca do impeachment, inclusive com o empresariado: “Vem aí CPMF, aumento da Cide, tudo pra passar no nariz do Paulo Skaf”.

Gomes criticou a política de José Serra, ministro das Relações Exteriores, com parceiros importantes do Brasil, como a Venezuela. Ele garantiu que não apoia o que ocorre no país, mas reforçou que não se pode desprezar os negócios bilionários que temos com esse importante vizinho.

Para Ciro, o governo provisório poderá fazer o Brasil retroceder no cenário internacional como um país de grande protagonismo junto ao BRICS e outros mecanismos internacionais que ajudam a construir uma ordem internacional multipolar.

Sobre a presidenta Dilma Rousseff, afirmou que mesmo não apoiando seu governo, “eu quero que ela volte por uma razão: ela foi eleita pelo povo brasileiro”. E completou: “Eu não defendo nada fora da legalidade”.

Ciro garantiu que pedirá impeachment de Temer, pelos mesmos motivos do pedido feito contra Dilma, pois ao se referir às pedaladas foi enfático: “O Michel Temer fez todas iguais”.

Ciro Gomes comentou a reforma da previdência e disse que, em breve, o assunto deverá ser discutido com a sociedade, mas reiterou que no momento é mentira que ela esteja em deficit.

Para finalizar, o político afirmou que “hoje o povo é quem manda menos” no Brasil e deixou uma mensagem bastante pessimista à população brasileira: “Tem coisa muito ruim pela frente ainda”.

Assista abaixo a íntegra da entrevista: