Investigado, Aécio e aliados agora falam em "cautela" sobre Lava Jato

Depois de ficar meses à margem das investigações da Lava Jato, apesar de ser citado por váriso delatores, o senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG) demonstra preocupação com as investigações. Quando as ações diziam respeito à lideranças do PT, Aécio queria a apuração e prisão. 

Eduardo Cunha e Aécio Neves

Áudios de conversas se Sérgio com Renan e Jucá deixam claro que, de acordo com os senadores, Aécio estava com medo da continuidade da Operação Lava Jato e chegou a conversar com os parlamentares sobre as ações que apuram se o tucano foi beneficiário de propinas originárias de esquemas de corrupção.

Para a imprensa, Aécio disse que os pedidos de prisão feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) o deixaram surpreso, mas irá aguardar uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para se manifestar sobre o caso.

"Algo dessa gravidade tem que vir necessariamente acompanhado de um arrazoado, de um conjunto de informações que o justifiquem. Não tivemos ainda acesso a essas informações", disse. "Não seria adequado que nós nos antecipássemos", completou em seguida.

Agora, com o seu nome notoriamente envolvido, disse que é necessário "cautela" ao se tratar dos pedidos de prisão do senador e ex-ministro Romero Jucá (PMDB-RR), do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do ex-presidente José Sarney (PMDB).

Esse discurso de "cautela" demonstra que os tucanos e seus aliados estão acuados. A base do governo de Michel Temer (PMDB) é a mais preocupada e a tática é blindar Renan, o que também protege Jucá e Sarney. Segundo fontes da grande mídia, o objetivo de Temer é bajular Renan, pois considera que o senador tem papel importante para efetivar os acordos de bastidores que viabilizam a aprovação do impeachment.

A cautela para discorrer sobre a situação dos caciques do PMDB é distinta do tratamento conferido a outros casos. A oposição, que classificava os vazamentos de delações contra o PT ou de grampos como "tentativa de obstrução da Lava Jato", agora chamam os comentários em conversas gravadas de senadores como Jucá como "mera opinião".

"Pensar, opinar e emitir juízo de valor sobre qualquer tema, até onde sei, não pode ser considerado crime", disse o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB). "Não se pode criar no Brasil um estado policialesco nem tampouco pedir prisão de quem quer que seja sobre opiniões emitidas sobre qualquer assunto", completou.

Geddel Vieira Lima (PMDB), ministro-chefe da Secretaria de Governo de Temer, afirmou: "(Não há) nenhum constrangimento (no governo em razão dos pedidos de prisão). Não acho nada. Estou aguardando os desdobramentos dos acontecimentos para, aí, achar alguma coisa".

Já a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) não escondeu o clima de tensão. "Todos estamos perplexos, sem saber como vamos administrar isso (pedidos de prisão). Nos traz muita preocupação na medida em que estamos julgando um caso tão grave quanto é o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff", diz.