Os reflexos da cultura machista no interior do Partido 

É importante e didático reconhecer que dentro das instâncias partidárias existem posturas machistas que reproduzem a estrutura patriarcal de sociedade. Reconhecer isso significa estar disposto a transformar, o que é um ato de coragem!

armandinho machismo

Posturas e atitudes machistas estão presentes no cotidiano da nossa sociedade, e são reproduzidas com normalidade por tratarem-se de ato enraizado em nossa cultura. Nas instâncias partidárias não é diferente e o desafio consiste em identificá-las e desconstruí-las.

Vivemos um momento histórico no que diz respeito ao combate ao machismo e a opressão vivida pelas mulheres e o PCdoB tem sido protagonista neste tema. Em seu estatuto, o partido expressa a importância da formação política das mulheres visando a igualdade de direitos para a construção de uma sociedade mais justa, que busca o socialismo.

Protagonizamos também quando elegemos uma mulher para presidir nacionalmente o Partido, um ato de grande simbolismo que valoriza e reconhece a força e capacidade das mulheres no ambiente político. Nossa bancada no Congresso Nacional, que nos orgulha pela combatividade, é a maior proporcionalmente em participação feminina.

Os espaços públicos, profissionais, as universidades, foram criados por homens e para os homens, e durante décadas as mulheres viveram a margem, e isso é facilmente identificado quando resgatamos na história recente o confinamento das mulheres no espaço privado a serviço dos filhos e dos maridos.

Até recentemente nós mulheres pouco participavamos dos espaços de decisão e de poder. Havia uma imposição do trabalho doméstico, o que era trabalho de homem e o que era de responsabilidade das mulheres.

A história recente também nos mostra que há apenas 84 anos as mulheres exercem o direito de votar e de serem votadas nas eleições. Inicialmente esse direito era restrito a algumas mulheres, apenas as casadas e as solteiras com posses.

Sair do espaço privado para trilhar uma profissão, ou militar em movimentos sociais e partidários, ainda hoje é desafiador para muitas mulheres, que precisam ser firmes nos seus princípios para enfrentar a resistência da família e superar a dupla jornada de trabalho, pois a divisão sexual do trabalho doméstico ainda persiste.

Não nascemos cercadas de privilégios e direitos, nossa luta pela emancipação é cotidiana e os homens, principalmente do nosso partido devem ser nossos fieis aliados na busca da sociedade que queremos para todos e todas. Não disputamos espaços, exigimos respeito.

Falo em nome de todas as militantes e dirigentes partidárias. Repudiamos o assédio, seja ele de qualquer natureza, em qualquer instância da esfera partidária.

Convocamos todos os camaradas a se empoderarem do discurso feminista e juntos desconstruirmos a cultura machista na qual estamos inseridos. Comecemos dentro de nossa casa o Partido Comunista do Brasil!

Angela Albino – Presidenta Estadual PCdoB de Santa Catarina e Deputada Federal