Cunha tenta acalmar aliados anunciando que não fará delação premiada 

“Não renunciei e não tenho o que delatar por que não tenho crime praticado”, declarou o presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (21), no Hotel Nacional, em Brasília. Cunha , que está com o mandato suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), não pode frequentar a Câmara. 

Cunha tenta acalmar aliados anunciando que não fará delação premiada - Agência Câmara

“Espero que a boataria e a expectativa acabe por que pretendo falar regularmente com vocês”, anunciou Cunha que, sem nenhuma informação relevante, demonstra que a coletiva tem como objetivo acalmar os parlamentares que estavam temerosos de que ele assinasse uma delação premiada na Operação Lava Jato, onde é réu.

Ele anunciou que está retomando contato regular com a imprensa para evitar “notas plantadas como sei que são feitas”, em referência a prática da grande mídia de publicar notícias em atendimento ao interesse de alguém.

Em uma exposição anterior as perguntas dos jornalistas, Cunha se disse vítima da ação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pediu a prisão dele por tentativa de obstrução da Justiça; e do PT, ironizando que “os petistas estão sem ter o que fazer porque perderam suas ‘boquinhas’”.

Sucessão de derrotas

Os últimos dias foram marcados por várias derrotas de Cunha, que começou com a admissibilidade do pedido de cassação dele no Conselho de Ética da Câmara. Nesta segunda-feira (20), o presidente em exercício da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), determinou a retirada da tramitação da consulta feita por ele à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre o rito a ser seguido nos casos de processo de cassação de parlamentares por quebra de decoro parlamentar, que poderia beneficiar o julgamento de Cunha no plenário.

Cunha também sofreu revés, na semana passada, quando o Banco Central multou, ele e a mulher dele, Cláudia Cunha, em R$1,13 milhão por não ter declarados recursos no exterior à Receita Federal entre 2007 e 2014. E a Justiça Federal em Curitiba determinou o bloqueio dos bens do casal.

Isolamento

Na coletiva, Cunha tentou passar ideia de confiança, dizendo que está contestando todas as ações judiciais contra ele e que, o processo de cassação do mandato dele na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara será tornado “parcialmente ou totalmente nulo.”

Com ISS, procurou afastar a ideia de que está isolado, tendo sido abandonado pela tropa de choque que o apoio na admissão do pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, inclusive o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão, que agora tem postura antagônica à ele.

“Não houve rompimento comigo porque ele não tomou decisão favorável a mim”, disse Cunha sobre Maranhão, afirmando que ele apenas assinou os pareceres que foram entregues prontos a ele. E ironizou sobre quem escreveu a decisão dele (Maranhão), “ porque não foram os técnicos da Casa (Câmara dos Deputados), que não fariam coisa tão ruim.”