Espanha entra na reta final de eleição com Brexit dominando debates

Os espanhóis são os que mais defendem na Europa a permanência do Reino Unido na União Europeia. Estudo publicado no El Pais mostra que, dos cinco grandes países da União, a Espanha lidera a tabela, 64% dos espanhóis não apoiam o Brexit.

Pablo Iglesias e Alberto Garzón

Outra pesquisa diz que a vitória do Brexit beneficia Mariano Rajoy, o presidente do Governo e candidato do Partido Popular. 200 mil espanhóis vivem no Reino Unido e provavelmente terão de pedir vistos de trabalho com a saída da União Europeia

Ao desbancar de forma inédita o Partido Socialista Operário Espanhol, a coligação Unidos Podemos poderá se consolidar como a segunda força política a partir da eleição de domingo (26).

Segundo analistas, as políticas de austeridade impostas pela União Europeia a países como Itália e Grécia resultaram na ascenção de movimentos antissistema, com resultados como a eleição do Syriza na Grécia e, recentemente, de prefeitos do Movimento Cinque Stelle (Movimento Cinco Estrelas) em várias cidades da Itália.

O Unidos Podemos se beneficia deste momento e a causa da queda de popularidade do PSOE e do PP tem a ver justamente com a política de austeridade imposta pelos partidos enquanto estiveram no governo.

A atual coalizão Unidos Podemos é fruto dos movimentos sociais que abalaram a Espanha a partir de 2011, com a ida às ruas dos chamados Indignados, que ocuparam ruas e praças da Espanha em maio de 2011.

A austeridade resultou em 3 milhões de espanhóis caindo da "classe média" para ingressar na pobreza a partir de 2009. Esse número representa cerca de 7% da população do país, de 46,7 milhões de habitantes. Segundo dados do governo, 28,6% da população está em situação vulnerável, sob risco de exclusão social.

As eleições deste domingo (26) resultam do fracasso em formar um governo de coalizão após o voto popular se fragmentar, em dezembro de 2015, entre o direitista Partido Popular, o social-democrata PSOE e as novas agremiações como o centro-esquerda Podemos e o centro-direita Cidadãos.

Em comício realizado na cidade de Jerez de La Frontera, em Cadiz, o candidato do Unidos Podemos, Pablo Iglesias, afirmou que "os medíocres e os burocratas não vão parar a histórica mudança no país", se referindo à ascenção da coalizão.

"Uns terão de escolher entre governar com o PP ou governar conosco, e se escolherem mal, se escolherem o PP, já fiquem avisados de que os medíocres e os burocratas não vão parar a histórica mudança neste país e, se não for esta semana, será daqui a dois anos. Ninguém vai nos deter", adverte Iglesias, consciente da popularidade da coalizão no país.

"Que ninguém se atreva a pretender 'limpar' o PP retirando Mariano Rajoy. Ele é apenas uma peça da engrenagem corrupta do partido", disse.

Uma eventual vitória da coalizão colocará um fim a 40 anos de bipartidarismo na Espanha, desde a instauração do regime democrático a partir de 1976. Apenas seis dirigentes ocuparam o cargo de presidente do Governo desde então.