Temer nega reunião com operador de propina: Não tenho intermediário

Diante da fragilidade de seu governo, Michel Temer tem buscado utilizar a imprensa para tirar o foco do envolvimento escandaloso de seus aliados na articulação dos golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff e das investigações da Lava Jato. Nesta sexta-feira (24), ele concedeu entrevista exclusiva para os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Valor Econômico e Correio Braziliense, em que demonstrou incomodado com a proposta de plebiscito e reclamou da economia.

Michel Temer

Questionado sobre a Lava Jato e as revelações de Sérgio Machado, ex-presidente da Tranpetro que disse que acertou com ele propina para a campanha de Gabriel Chalita, também do PMDB, Temer voltou a dizer que não se recorda de ter encontrado com ele.

"Eu não precisava da intermediação deste senhor, conheço muitos empresários, poderia pedir diretamente", afirmou.

Temer disse que a proposta de novas eleições, defendida por Dilma e outros setores ao retomar o seu mandato, "Não é uma tese que a favoreça".

Ainda na linha de criticar Dilma, ele tentou novamente dizer que o golpe não é golpe. "Golpe é uma ruptura da Constituição", disse. e emendou dizendo que "fazer uma eleição agora é romper com a Constituição".

Usando dois pesos e duas medidas quando se trata de Constituição, Temer voltou a defender que o julgamento das contas da campanha à reeleição pelo Tribunal Superior Eleitoral sejam separadas. "Fisicamente já são separadas", disse ele, acrescentando que "a condenação de alguém não pode importar na condenação de outrem".

Apesar de o seu partido, o PMDB, ter sido a legenda com maior número de ministro no governo Dilma, com sete ministérios (incluindo a Saúde, Minas e Energia, Agricultura, Aviação Civil e Turismo, além de cargos comissionados) e de outros nomes que integram o seu governo provisório, também integravam o governo da presidenta, Temer se disse surpreso. "Recebi uma herança mais complicada do que eu imaginava", disse.

Sobre a política de juros, Temer disse que prefere a redução dos juros, mas depois disse que não dá. "Eu espero que sim", disse ele. "Não [dá para] reduzir de 14,5% para 7% só para fazer populismo", afirmou.