Cardozo: Temer é ilegitimo e não tem condições de fazer pactuação

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-ministro e advogado de defesa da presidenta Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, reforçou que o recente laudo de peritos do Senado mostra a ausência de dolo no episódio dos decretos de créditos suplementares.

Cardozo AGU

"Há um fato mortal para dizer que não há dolo. Nós perguntamos se a presidente foi alertada se os decretos poderiam ensejar ofensa à meta fiscal. A perícia diz que não, que os órgãos técnicos não informaram a presidente. Quem não é avisado de algo não age com má fé", enfatizou Cardozo, que ressalta que o discurso pela condenação de Dilma no processo de impeachment é "pirueta retórica" dos opositores.

Sobre a influência do governo Temer na votação do impeachment no plenário, Cardozo afirma: "Se tivéssemos um julgamento isento, nenhuma. Porém, é evidente entender como ingrediente. Nenhum governo que nasce com essa ruptura de legitimidade tem condições de fazer uma pactuação. Esse governo já nasce conflituoso. E isso gera um conflito social permanente. A proposta do governo Temer é radicalmente contrária ao que foi aprovado nas urnas".

O ex-ministro lembrou que a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil e o vazamento ilegal do grampo também ilegal de Sérgio moro, juiz da Lava Jato, foram prejudiciais para Dilma e para a democracia.

"Acompanhei esse processo à distância, mas para mim era muito claro que não havia nenhuma intenção de burlar a jurisdição [da investigação de Lula, de Curitiba para Brasília]. A presidente achava muito importante ter uma pessoa como o Lula para aglutinar forças. Esse episódio da divulgação dos áudios da conversa entre eles, lamentavelmente, apesar de o Supremo Tribunal Federal ter reconhecido a ilegalidade, trouxe um estrago político incomensurável", disse.