Temer recua e desiste de colocar militar na presidência da Funai

Depois de uma série de críticas e protestos de índios pela indicação do general Sebastião Robero Peternelli, que é defensor do regime de 64, para presidir a Funai, o governo de Michel Temer fez novo recuo. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse nesta quarta (6) que o governo está à procura de um nome que possua "histórico de diálogo" com comunidades indígenas para assumir o cargo e descartou a indicação de um militar para o posto.

Michel Temer - Lula Marques

"Não será ele o presidente da Funai. Nós já estamos em negociação com outro tipo de perfil, que já tenha histórico de diálogo com todas comunidades indígenas", declarou Moraes sobre o general, após reunião com lideranças indígenas nesta quarta.

Peternelli era uma indicação de André Moura, PSC, líder do Governo na Câmara, e de Romero Jucá, flagrado por grampos como articulador de operação para barrar a Lava Jato. Sua indicação sofreu uma saraivada de críticas de dentro e de fora das comunidades indígenas.

O general foi derrotado como candidato a deputado federal nas últimas eleições. Em seu twitter, apareceu um post defendendo a intervenção militar para derrubada de Dilma. Segundo ele, alguém havia invadido sua conta e postado indevidamente a declaração. Em seu Facebook, porém, ele exalta a ditadura militar, e a perseguição a “comunistas”.

Moraes e outros integrantes do governo receberam nesta tarde, no Palácio do Planalto, seis representantes das etnias Tumbalala, Tupinamba e Pataxó, da Bahia, após um protesto dos indígenas em Brasília.

De acordo com o cacique Aruã-Pataxó, o governo assumiu o compromisso de não nomear um militar para o cargo. "A gente passou tempos de horrores na ditadura militar, quando vários indígenas foram assassinados", lembrou.