Juventude de São Paulo, que cidade queremos?

Diante da crise política que assola o Brasil, nos vemos em meio a um momento de decisões e acontecimentos atípicos, que nos obrigam a enfrentar uma realidade cada dia mais complexa, onde teremos que necessariamente de nos posicionar.

Por Osvaldo Lemos*, no site da UJS

Paulista aberta

Só no mês de agosto acontecerá, nada mais nada menos, que a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, a votação da cassação do Deputado Eduardo Cunha, e a votação do impeachment da Presidenta Dilma, assuntos que colocam nosso país em foco e que decidirão mais uma vez nosso presente e nosso futuro.

Outro tema que irá tomar força nesse mês de agosto são as eleições municipais que se iniciam, tornando-se a pauta principal das rodas de discussão da cidade, do lugar em que vivemos, portanto, o assunto que deve entrar no nosso debate desde já, pois a decisão se dará por meio da nossa participação, das nossas escolhas. Nós sabemos a cidade que queremos?

Em São Paulo, acontecerá a principal eleição municipal do pais, e vemos que a disputa de ideias se dará principalmente acerca do debate de “modelo de cidade”. No governo Haddad vimos São Paulo se transformar radicalmente em vários aspectos, quase todos polêmicos, o que significou tanto a rejeição da ala mais conservadora, resistente a mudanças, como os aplausos da ala mais progressista da cidade, que vem se sentindo conectada com alguns modelos de cidades mais desenvolvidas do mundo. Muitas foram as mudanças, algumas já sentidas, outras que ainda virão, umas que ainda são semente, que ainda florescerão, vimos uma mudança de olhar, que também causa resistência, confusão.

De modo geral, sentimos que houve uma transformação forte no sentido da nossa apropriação da cidade, hoje podemos vivenciar sem dúvida uma São Paulo mais humana, receptiva, inclusiva e participativa. Até pouco tempo atrás a rua só pertencia aos carros, hoje ocupamos as ruas a pé, para o nosso lazer, nosso protesto, para ir de bicicleta, para passear no final de semana, antes não podia.

Para o benefício da juventude de São Paulo, vimos também essa mudança de olhar nos últimos três anos e meio, em especial destacamos: o passe livre estudantil, ônibus 24horas, as ciclovias, os novos corredores de ônibus; as universidades nos CEU’s, Pronatec, ProJovem Urbano e o fim da aprovação automática nas escolas.

Houve também um forte incentivo à liberdade para diversas expressões culturais e a maior apropriação da cidade, como o projeto Ruas Abertas, a modernização da cidade com Praças WiFi, a iluminação LED, o programa Jovem Monitor Cultural, o mês Hip Hop, o Rolezinho, projetos funk, as intervenções de arte urbana, o grafite, o skate, que vem desenhando uma paisagem mais colorida e inclusiva em nossa cidade.

A respeito da violência que atinge a juventude negra e periférica com tanta força ainda, foi criado o Plano Juventude Viva São Paulo, onde reúne ações de prevenção para reduzir a vulnerabilidade de jovens negros a situações de violência física e simbólica, a partir da criação de oportunidades de inclusão social e autonomia para jovens de 15 a 29 anos. Nessa direção precisamos também destacar os programas Transcidadania e o Programa Braços Abertos, que enfrentam com coragem as questões dos direitos humanos, da saúde, da inclusão social, da diversidade e cidadania.

Agora, a juventude de São Paulo tem a oportunidade de participar e a responsabilidade de opinar e influenciar no processo eleitoral deste ano, ao escolher o que quer para a SUA cidade.

Entendo que o principal enfrentamento desse próximo período é a efetivação das políticas de juventude nos territórios, disputando ideias, valores e projetos para seu bairro, sua rua, sua cidade. Por isso é tão fundamental fazermos o debate da “cidade que queremos”. Em meio a uma onda conservadora que estamos vivendo, devemos continuar combatendo a violência, o machismo, o racismo e a homofobia, mediando conflitos e avançando no protagonismo da construção de uma cidade mais justa, aberta, democrática e inclusiva, que se pauta na sustentabilidade, nos direitos humanos, na diversidade e na sua liberdade de viver!

A articulação das políticas de educação, cultura, saúde, segurança e trabalho, mobilidade, entre outras dimensões, sem dúvida vimos ser imprescindível para a efetividade das políticas para a juventude. Temos o desafio desenvolver as conexões entre a região e a cidade, reconhecendo as aspirações e anseios dos jovens que compõem cada segmento e diagnosticando as potencialidades dos territórios e diversos grupos são pressupostos essenciais para a garantias de direitos.

Devemos ampliar também as agendas das Políticas Públicas para a Juventude, para isso é fundamental discutirmos coletivamente no Programa a elaboração de um “Plano Municipal de Juventude”.

Temos que continuar mudando! Com Haddad.