Mais um jornalista é assassinado na Ucrânia

Já foram registrados na Ucrânia 14 assassinatos de jornalistas. O último foi Pavel Cheremiet, que morreu em Kiev quando o veículo que conduzia explodiu poucos metros após começar a rodar. O número de corpos de jornalistas e políticos encontrados mortos continuam a aumentar na Ucrânia.

Pavel Cheremiet

Os governos dos Estados Unidos e da União Europeia permanecem em absoluto silêncio, com receio que tais ataques sobre a imprensa possam destruir a falsa narrativa criada sobre a Ucrânia que tão cuidadosamente construíram.

Contudo, surgiram notícias segundo as quais o muito conhecido jornalista russo Pavel Cheremiet morreu em Kiev quando o automóvel que conduzia explodiu minutos após ter começado a andar. A viatura pertencia à sua empregadora e editora-chefe do Jornal Ukraínskaya Pravda.

A Russia Today informa o que, aparentemente, pode ser descrito como um trabalho encomendado, ao estilo da máfia, retirado de um filme de Hollywood.

O gabinete da Procuradoria da Ucrânia informou que a morte do jornalista em Kiev é um assassinato, cometido por meio de uma bomba colocada no veículo em que ele se encontrava.

“Não existem dúvidas que a explosão foi causada por explosivos implantados por malfeitores. E, evidentemente, tinha um detonador por indução de frequência ou uma bomba-relógio, declarou ao canal 112 Ukraine, Anton Geraschenko, um membro do Parlamento ucraniano e assessor do Ministério do Interior.

A explosão ocorreu cerca das 7h45, após Cheremiet ter entrado, ligado o carro e começar a conduzir por algumas dezenas de metros. Teve morte instantânea. A viatura, que ficou totalmente carbonizada, pertencia a Alyona Pritula, a fundadora e editora chefe do Ukraínskaya Pravda, que não se encontrava no veículo no momento da explosão.

O presidente Petro Porochenko prestou as suas condolências, através de um post no Twitter, afirmando-se ” chocado” e “sem palavras”. Acrescentou que conhecia pessoalmente o jornalista.

Cheremiet era um jornalista russo muito conhecido e era ainda um analista especializado nas relações entre a Rússia e a Ucrânia, bem como nos acontecimentos nas antigas repúblicas soviéticas. Nos últimos 5 anos, Cheremiet viveu e trabalhou na Ucrânia, a serviço da United Press (UP).

A empresa de comunicação foi fundada em 2000 por Pritula Georgu Gongadze, um jornalista ucraniano, originário da Geórgia, que foi assassinado em 17 de setembro de 2000.

Recentemente, em maio, a Ucrânia foi atingida por um grande escândalo após terem sido publicados online dados pessoais de mais de 4 mil membros da imprensa, num website de “caça às bruxas”, o Mirotvorets, apoiado pelo assessor do ministro do Interior ucraniano.

Os membros da imprensa foram acusados, pelos ativistas pro-Kiev, de "colaboração com terroristas" por trabalharem a partir da tormentosa zona de guerra na zona oriental da Ucrânia.

A lista incluía nomes de pessoas que trabalhavam para agências noticiosas como a AFP, AP e Reuters, emissoras de TV como a CNN, CCTV, Deutsche Welle e Al Jazira e jornais que incluem o New York Times, a Gazeta Wyborcza, o Kyiv Post e os sites Vice News e Daily Beast e muitos outros.

Os jornalistas da RT estavam também naquela lista. Muitos desses Jornalistas disseram ter recebido ameaças após a publicação. O vazamento foi largamente condenado por governos, ONG’s e jornalistas de todo o mundo.

Em abril passado, a Ucrânia assistiu à morte do jornalista da oposição e escritor Oles Buzina, que foi assassinado perto de sua casa em Kiev. A polícia acredita que tenha sido um crime “contratado” e que ocorreu imediatamente após o vil assassinato de outro jornalista, Serguei Sukhobok.

E, em 2014, o repórter cinematográfico russo Andrey Stênin que esteve desaparecido durante um mês na zona oriental da Ucrânia, foi dado como morto quando os seus restos mortais carbonizados foram encontrados em seu automóvel.

Ele morreu enquanto viajava num comboio de civis que escapavam da área. No mesmo ano, os jornalistas russos Igor Kornéliuk e Anton Volóstin foram mortos perto de Lugansk, na zona oriental, quando fugiam dos disparos de morteiros pelo exército ucraniano.

Sem contabilizar os jornalistas assassinados pelos militares ucranianos em 2014, a partir de 29 de Janeiro de 2015, 11 políticos e jornalistas críticos do golpe na Ucrânia foram misteriosamente assassinados.

Confira a lista de jornalistas e políticos mortos:

29 de janeiro de 2015 – o antigo presidente do governo local da região de Kharkiv, Alexey Koliesnik, enforcou-se.

24 de fevereiro de 2015 – Stanislav Melnik, membro do partido da oposição (Partia Regionov) suicidou-se a tiro

25 de fevereiro de 2015 – o presidente da Câmara de Melitopol, Serguei Valter, enforcou-se poucas horas antes de ir a julgamento

26 de fevereiro de 2015 – Alexander Melitopol e Serguei Valter, diretor adjunto da polícia local, foi encontrado morto na sua garagem

26 de fevereiro de 2015 – Alexandre Pekluchenko, antigo membro do Parlamento e ex-presidente de Zaparíji, foi encontrado ferido de morte

28 de fevereiro de 2015 – Mikhail Tchietchetov, deputado e membro do partido da oposição “caiu” da janela do seu apartamento no 17º andar, em Kiev

14 de março de 2015 – Serguei Melnichuk, um jovem procurador de 32 anos em Odessa “caiu” do 9º andar

13 de abril de 2015 – Sergei Sukhobok, um jornalista da região de Donietsk, foi encontrado morto em Kiev, tendo sido reportado que morrera numa briga com vizinhos

15 de abril de 2015 – Oleg Kalachnikov, um antigo deputado e um crítico feroz do governo, foi assassinado em Kiev, tendo sido encontrado caído no seu apartamento com uma ferimento originado por uma espingarda de canos cortados

16 de abril de 2015 – Oles Buzina, Jornalista de 45 anos e crítico de Porochenko, foi morto a tiro em plena rua. O seu corpo foi encontrado na calçada, na entrada do prédio que vivia, perto do centro da cidade

20 de julho de 2015 – Pavel Cheremiet morre em Kiev quando a viatura que conduzia explodiu minutos depois de a ter ligado.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Takharova disse que tudo isto era, infelizmente, apenas o início de purgas políticas na Ucrânia: “É assustador porque nenhum líder dos Estados Unidos constata que, dia após dia, políticos e jornalistas são mortos na Ucrânia".

"Tentem encontrar pelo menos 20 tweets de ministros das Relações Exteriores da Estônia, Lituânia, Letônia, Polônia, Suécia, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e Austrália, representantes da OSCE (Organization for Security and Cooperation in Europe), UE e Otan que expressem preocupação pelos assassinatos de políticos ucranianos e que condenem a situação na Ucrânia”, desafiou.

O ex-primeiro-ministro da Ucrânia, Azarov, disse aos líderes dos países ocidentais: "Devido ao vosso apoio à Ucrânia, existem assassinatos políticos, terror contra opositores políticos e contra toda a gente. O que precisam ainda fazer estes nazis para que os senhores finalmente entendam e estejam conscientes da vossa responsabilidade pelo que está a acontecer atualmente na Ucrânia?”