Partido Democrata confirma escolha de Hillary Clinton para eleição

Apesar das divisões internas do Partido Democrata, que ficaram claras no tumultuado primeiro dia da convenção da legenda, a agremiação escolheu nesta terça-feira (26) Hillary Clinton, ex-secretária de Estado, como sua candidata para as eleições presidenciais de novembro próximo. Ela disputará a presidência com Donald Trump, candidato do Partido Republicano.

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A oficialização da candidatura de Hillary foi feita na noite de terça-feira, no segundo dia da convenção nacional do Partido Democrata, no Centro Well Fargo, em Filadélfia, estado da Pensilvânia.

Em votação nominal, os democratas asseguraram a escolha de Hillary Clinton antes do fim da contagem, quando a candidata atingiu o apoio de 2.383 delegados, que é o mínimo necessário para um candidato ser nomeado pela convenção.

Ao longo da campanha, Hillary Clinton obteve o apoio de 2.807 candidatos. Porém, o método que o partido adotou para chegar a esta indicação foi pouco honesto, segundo os partidários do senador por Wisconsin, Bernie Sanders, que concorreu com Hillary à vaga até dias antes da convenção.

E-mail vazados pelo WikiLeaks revelaram que o partido sabotou a campanha de Sanders e apoiou de forma irregular a escolha de Hillary, traindo os princípios que afirma sustentar ao realizar prévias. No fim das contas, as prévias foram falsificadas, servindo apenas como fachada para o sistema indicar sua candidata favorita.

O reflexo do vazamento foi visto durante a convenção, quando os partidários de Bernie passaram a vaiar e protestar incessantemente contra Hillary, mesmo com o apoio do senador à candidatura da ex-primeira dama.

Em um dos discursos proferidos por Sanders, a cada menção do nome de Hillary, os partidários do senador vaiavam com força a candidata.

A revolta nas fileiras democratas cristalizou-se mesmo antes da convenção ser aberta, à medida que Sanders atraiu vaias de seus próprios delegados ao pedir que eles apoiassem Hillary e se focassem em derrotar Trump nas eleições de 8 de novembro.

Tentando trazer seus apoiadores à realidade, Sanders acrescentou: "Irmãos e irmãs, este é um mundo real no qual vivemos. Trump é um opressor e um demagogo.” Membros da convenção gritaram de volta: “A Hillary também”, e “ela roubou a eleição!”.

Apesar de ser a primeira mulher que consegue indicação por um dos dois partidos "oficiais" do viciado sistema eleitoral americano, ela segue outras mulheres que já se candidataram ao cargo por partidos que são alijados da disputa.

A primeira candidata à presidência chamava-se Victoria Woodhull, em 1872, pouco menos de 50 anos antes das mulheres conquistarem o direito de votar, em 1920. Ela tinha 33 anos quando foi nomeada candidata à Casa Branca pelo Partido pela Igualdade de Direitos.

Em pleno século 19, ela defendeu o amor livre e a prostituição legal e foi corretora da bolsa de Nova York, em um mundo financeiro que já era (ainda é) dominado por homens.

Depois dela, outras 7 mulheres se candidataram por partidos menores. Belva Ann Lockwood, pelo mesmo partido de Victoria (em 1884); Linda Osteen Jenness, pelo Partido Socialista dos Trabalhadores (1972); Sonia Johnson, Partido Paz e Liberdade (1984); a primeira negra, Lenora Fulani, Partido da Nova Aliança Americana (1988, 1992); Cynthia McKinney, Partido Verde (2008); Roseanne Barr, Partido Paz e Liberdade (2012) e Jill Stein, Partido Verde (2012, 2016).

Na trajetória histórica de 240 anos da política norte-americana, as mulheres só alcançaram o direito de voto em 1920, depois da aprovação da 19ª emenda na constituição dos Estados Unidos.

Apesar do aparente clima de tranquilidade, no âmbito da convenção, do lado de fora havia protestos contra a escolha de Hillary Clinton para representar o Partido Democrata nas eleições presidenciais norte-americanas. Três pessoas foram presas.