Letícia Sabatella: Democracia é a única chance de convivência saudável

Em artigo publicado nesta sexta-feira (12), na Folha de S. Paulo, a atriz Letícia Sabatella reafirma o seu rechaço ao golpe em curso no Brasil e relatou os momentos que viveu ao ser cercada e agredida por um grupo que participava de ato pelo impeachment.

Letícia Sabatella - Reprodução

A atriz enfatiza que a única saída para a atual crise é o caminho democrático. "A democracia é nossa única chance de convivência saudável. Ninguém precisará ser impedido de caminhar na rua de sua casa, de conversar com um adversário de ideias, ninguém precisará mais sumir, ser exilado, preso, assassinado por seus posicionamentos, na história de nosso país, se a democracia for preservada", disse.

No artigo intitulado "Domingo em Curitiba", Letícia Sabatella conta que ao passar perto do local onde acontecia o ato pró-impeachment não teve a intenção de provocar a ira dos que apoiam o golpe. "Passava eu pela beira de praça em Curitiba, em início de concentração para manifestação a favor do impeachment… Tudo ocorreu apenas por ser início de concentração para uma manifestação contrária ao meu posicionamento? Seria isso tão necessário para defender uma opinião? Destruir a imagem, a reputação, a vida de outra pessoa? Nenhuma real argumentação?", indaga.

E completa: "Quanto medo eles sentiram de que o meu pensar e falar destruíssem suas ilusões, simplesmente por eu existir e não ser o que pudessem controlar. Medo de uma mulher que exerce a liberdade de ser, de ir e vir, de criar o mundo que deseja a partir do diálogo -o sonho de um país com igualdade de direitos para todos".

Para a atriz, a situação que se configurou é resultado da cultura de intolerância e ódio. "Eu sinto muito pela prisão em que se encontram. A prisão do ódio é alucinógena. Distorce as intenções, cega a lucidez. O que resta é o desejo de destruição do outro. Mas não é possível destruir o que já existe, nem matando", destaca.

"Jamais pretendi o que aconteceu naquele domingo. Semifebril, recuperando-me de um resfriado, queria apenas almoçar e mais tarde passar na manifestação contra o golpe, pela democracia. Por esse princípio, de democracia, resisti, ao final de tudo, em frente ao prédio em que moro", conta.