Movimento sindical entra na disputa das eleições municipais

A presença de representantes do movimento sindical concorrendo às câmaras e prefeituras nas eleições municipais de outubro é também uma forma de resistir aos ataques contra os trabalhadores. Isso é consenso entre dirigentes de representativas centrais sindicais nacionais que afirmam que é preciso quebrar o monopólio da direita na política e aumentar a representação dos trabalhadores.

Por Railídia Carvalho

Assembleia dos trabalhadores pela garantia dos direitos
Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), associou o resultado eleitoral de 2014 para a Câmara dos Deputados ao aumento da quantidade de projetos de leis para diminuir a proteção da Consolidação das leis do Trabalho (CLT).
“A classe trabalhadora precisa ter noção de que o prejuízo que foi o último resultado eleitoral, quando nós vimos diminuir a representação dos trabalhadores e do movimento social, contribuiu para que uma agenda extremamente conservadora ganhasse força”, lembrou Adilson.
Naquele ano, a frente sindical perdeu 50% da sua representação, se distanciando, por exemplo, da bancada dos empresários, que elegeu à época 160 deputados contra 46 do movimento sindical.
Neste cenário de governo interino de Michel Temer, os patrões têm conseguido impor pautas como aquela em que a negociação coletiva prevaleça sobre as leis asseguradas na CLT.
Baixa representatividade
“É triste chegar lá no Congresso e vê que metade da população do país é mulher e não se encontra mulher na Câmara. Ver que as centrais são seis muito representativas e você conta nos dedos quem é oriundo do movimento social”, concluiu Sérgio Nobre, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Assim como Adilson, ele defendeu que o trabalhador se envolva no processo das eleições e saiba o que pensa o candidato que ele escolher.
“É preciso saber o que o candidato pensa sobre negociação coletiva, legislação trabalhista, o respeito à liberdade sindical”, explicou.
Recuperar o espaço no parlamento
O ex-motorista de ônibus Alcides Amazonas foi vereador e deputado estadual em São Paulo. Nestas eleições, ele tenta retornar à Câmara Municipal paulistana pelo Partido Comunista do Brasil. Quando esteve na Casa de 2001 a 2004 foi relator do projeto de criação do Bilhete Único.
“O parlamento também é uma trincheira que os trabalhadores devem ocupar. Precisamos recuperar a presença do movimento nestes espaços. Esse desequilíbrio na disputa de força explica parte dessa ofensiva do governo ilegítimo de Temer contra os trabalhadores”, opinou.
Consciência do Trabalhador
Na opinião dele, as eleições podem ser um momento para elevar o nível de consciência do povo, desconfiado pelas campanhas de criminalização da política e dos políticos. 
“É preciso demonstrar que através da política melhoramos a vida do trabalhador e quanto mais ele se afasta menos representação terá”, argumentou Amazonas. 
Para Adilson, o movimento sindical não pode abrir mão do espaço institucional. Para entrar na disputa é preciso valorizar as campanhas dos candidatos ligados à luta dos trabalhadores e aos movimentos sociais. 
“Abrir mão é deixar que essa agenda que é contra o pobre, o negro e o nordestino se perpetue”, enfatizou.