CNA analisa novo cenário pós-eleitoral na África do Sul

Os municípios metropolitanos (metros) mais disputados nas recentes eleições locais da África do Sul concluíram a formação de governo por meio de coalizões entre partidos, que trazem hoje um novo matiz ao cenário político.

Sul-africana vota em escola de Johanesburgo - Prensa Latina

As questões foram formuladas na terça-feira (24) em Ekurhuleni, na província de Gauteng, quando o Congresso Nacional Africano (CNA) conseguiu manter esse "metro" depois da eleição de seu candidato à prefeitura, Mzwandile Masina.

Como resultado de acordos com partidos menores, o CNA recebeu 117 votos contra 106 obtidos pelo opositor Aliança Democrática (DA).

Segundo alguns analistas, a chamada "era das coalizões" que sobreveio após o dia 3 de agosto, reconfigurou de forma radical o panorama e o equilíbrio de forças em lugares-chave.

Meios de comunicação oferecem nesta quarta-feira amplo destaque em Tshwane (Pretória) ao encontro com a imprensa realizado ontem pelo secretário geral do CNA, Gwede Mantashe, onde analisa questões sobre o desempenho do partido dirigente nas recentes eleições locais.

O dirigente disse, em Luthuli House, Johanesburgo, da sede do CNA, que os resultados nas eleições serão assumidos pela organização como uma responsabilidade coletiva.

Reconheceu o apoio dos sul-africanos refletido nas urnas, o que permitiu uma vitória com 54,2% dos votos e precisou que o CNA governará em 161 dos 213 municípios em todo o país, o que confirma a organização como força majoritária.

No entanto, Mantashe admitiu que "pela primeira vez (o CNA) sofreu um sério revés em vários municípios. Isto inclui algumas áreas metropolitanas nas quais não foi um vencedor absoluto".

Pela primeira vez também desde o início da democracia em 1994, o apoio eleitoral em escala nacional fica abaixo dos 60%.

E se nas eleições locais de 2011 o CNA triunfou claramente em sete dos oito "metros", agora, cinco anos depois, só consegue conservar quatro.

O DA consolidou-se na capital legislativa Cape Town (em seu poder desde 2006) e fez-se mediante as mencionadas alianças do simbólico Nelson Mandela Bay, bem como no centro econômico do país (Johanesburgo) e em Tshwane, sede de Pretoria, a capital administrativa.

O secretário geral advertiu do perigo de que os governos de coalizão estabelecidos pelos partidos de oposição para governar "não estejam baseados no princípio de servir o povo". Na realidade – disse Mantashe – trata-se de "um desejo comum para eliminar" o CNA do poder "a todo custo".

Por isso pediu que os membros e simpatizantes do CNA não se deixem confundir com mensagens "inconsistentes" e uma retórica que tenta projetar "uma agenda revolucionária".

Ao mesmo tempo, apelou à unidade e pediu que se utilizasse a experiência de 2016 como um catalisador para o crescimento e renovação do partido.

Para os observadores, é essencial esta reflexão do grupo dirigente ou se correrá o risco de uma queda maior nas eleições de 2019, das quais sairá um novo presidente.

De acordo com a Lei, os municípios sul-africanos cumpriram com a constituição de governo dentro dos 14 dias posteriores ao anúncio dos resultados das eleições (neste caso o resultado foi conhecido a 10 de agosto).

Mais de 26,3 milhões de eleitores foram convocados para a quinta eleição regional celebrada nos últimos 22 anos, considerada já as mais disputadas na história da África do Sul.