Esquerda espanhola pede que PSOE tente governo alternativo a Rajoy

O líder da coalizão de esquerda Unidos Podemos, Pablo Iglesias, pediu nesta quarta-feira (31) ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) a que buscassem juntos um governo alternativo ao que pretende formar o conservador Mariano Rajoy.

Pablo Iglesias - Album pessoal/Facebook

Em um discurso ante o Congresso dos Deputados, onde Rajoy se submeterá nesta quarta a uma moção de confiança para tentar sua reeleição como presidente do Executivo, Iglesias pediu a seu par do PSOE, Pedro Sánchez, que explorasse uma aliança entre os partidos progressistas.

O também secretário geral do Podemos, que junto ao Esquerda Unida representa a terceira força política na Espanha com 71 deputados, voltou a estender a mão a Sánchez para estudar uma opção diferente à direita representada pelo Partido Popular (PP) de Rajoy.

Dessa forma, pediu à organização social-democrata, principal partido da oposição com 85 vagas no Congresso, que deixasse de lado outras disputas menores e que se tentasse esse pacto para retirar o PP do Palácio de la Moncloa e se evitassem terceiras eleições.

Depois das eleições gerais de 20 de dezembro de 2015, que puseram fim a décadas de bipartidarismo PP-PSOE, Iglesias e Sánchez tentaram uma aproximação, que não resultou em nada por causa do acordo assinado entre os socialistas e o direitista Ciudadanos.

Esse pacto aumentou a distância entre ambas as formações e constituiu um dos principais motivos que arrastaram os espanhóis a um segundo encontro com as urnas, a 26 de junho, no qual nenhum partido tampouco conseguiu maioria absoluta para governar sozinho.

"Sabemos que é difícil, mas estamos dispostos a tentá-lo. Apesar das diferenças, os problemas e os receios mútuos" a realidade nos empurra a buscar acordos, disse Iglesias a seu homólogo socialista.

Em sua opinião, outra administração de Rajoy seria um desastre para a população, que é pela qual o Podemos – recordou – chegou ao parlamento.

Ele fez novas críticas aos cortes orçamentais aplicados pelo PP em seus quatro anos de administração, em particular os que atingiram áreas sensíveis como a saúde e a educação, além do aumento da desigualdade e da pobreza.

Também acusou Rajoy de representar o partido da corrupção, fundado por "ex-ministros da ditadura" do general Francisco Franco (1936-1975).

"Falar de sua administração é falar de corrupção. A corrupção está nos genes de seu partido, senhor Rajoy, desde que foi fundado pelos ex-ministros vinculados ao mais corrupto dos regimes que existiu em nosso país", reforçou.

Denunciou o "déficit democrático" existente, quando o parlamento espanhol, alertou, não pode decidir e as resoluções são tomadas pelos poderes financeiros ou pela chanceler alemã, Angela Merkel.

"Sua ideia de Espanha está ligada a você", mas "a Espanha não é você. A Espanha não é seu governo. A Espanha é a gente, não os investidores nem os parceiros europeus", sentenciou.