Imprensa internacional define o que aconteceu no Brasil: é golpe
A mídia internacional qualifica o processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff como golpe. Jornais da Europa, dos Estados Unidos, da Ásia e da América Latina retratam o processo como ele realmente é, um golpe de Estado que procura depor a presidenta e "matar a Lava Jato", como acusa o britânico The Guardian.
Publicado 31/08/2016 17:32
Veículos nos Estados Unidos, na Europa, na América do Sul e na Ásia trataram nesta quarta-feira (31) o processo de afastamento da presidenta Dilma como "injusto" e um "castigo desproporcional". O jornal americano The Washington Post afirmou que os senadores "Se uniram pela retirada de Dilma sabendo que seria injusto".
Ao contrário do que a mídia corporativa brasileira tem procurado afirmar, para jornais de fora do Brasil, como o francês Le Monde, "Dilma é vítima de um golpe encenado por seus adversários".
E emissora russa de televisão Russia Today (RT) ainda denuncia, dizendo que "60% do congresso é acusado de corrupção", e que eles contra-atacam Dilma, "que tentou fazer uma limpeza no congresso”.
Tragicomédia foi a palavra escolhida tanto pelo jornal português Público quanto pelo argentino Página 12. A rede catariana Al-Jazeera, árabe, e que é porta-voz do governo do Catar, preferiu escolher a palavra hipocrisia para definir o processo.
Em um artigo anterior à votação, o The Guardian acrescenta que as explicações dadas são apenas “pretexto” para a remoção de Dilma do poder. As verdadeiras razões para o impeachment, segundo o jornal, “são políticas”.
Atrás da motivação para derrubar Dilma, de acordo com o jornal, estão alguns políticos “claramente motivados por um desejo de matar a investigação da Lava Jato, o que Dilma Rousseff se recusou a fazer”.
O jornal lembra que o impeachment foi iniciado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, depois que o PT se recusou a protegê-lo de uma investigação no comitê de ética da Casa.
O The Guardian informa também que conversas secretamente gravadas revelaram que o líder do PMDB no Senado, Romero Jucá, queria remover a presidenta para que a investigação da Lava Jato pudesse ser “sufocada por seu sucessor”.
Já o site americano The Daily Beast afirma que Dilma Rousseff sairá formalmente do governo, apesar de ter protagonizado "uma última resistência incansável contra as acusações de irregularidades fiscais movidas contra ela, que muitos no Brasil veem como uma cortina de fumaça para sua remoção a qualquer custo". O jornal lembra a frase de Dilma, durante o depoimento no Senado, que durou 14 horas: "Estamos a um passo de assistir a um golpe [parlamentar de Estado] real".