Governo de SP proíbe protestos na Paulista no próximo domingo

Depois de três dias seguidos de repressão policial aos protestos contrários ao impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, decidiu agora proibir que ocorram manifestações na avenida Paulista, no próximo domingo (4). Na data, dois atos já estavam programados.

Manifestação Fora Temer 30.08.2016 - Foto: Eduardo Figueiredo / Mídia NINJA

Em comunicado, a Secretaria de Segurança Pública disse, nesta quinta (1), que se reuniu os comandos das Polícias Civil e Militar , "diante da ocorrência de protestos violentos, com atos de vandalismo, ocorridos ontem".

Logo após o Senado confirmar o afastamento de Dilma, pessoas contrárias à decisão foram às ruas em diversas cidades brasileiras. Em São Paulo, houve confronto e a Polícia Militar utilizou bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha contra os manifestantes. O episódio terminou com vários feridos.

Apesar de “reafirmar que respeita o direito de manifestação e está empenhada em garantir a segurança dos manifestantes”, a SSP informou na nota que não será permitida a realização de atos na Avenida Paulista, “pois toda a extensão da avenida estará reservada para o evento de passagem da tocha paraolímpica, que integra a cerimônia oficial dos Jogos Paraolímpicos Rio 2016”.

As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo já haviam convocado os manifestantes para a frente da Fiesp, no domingo, às 14h. Intitulado “Ocupe a Paulista Contra o Golpe”, o evento possui 11 mil presenças confirmadas no Facebook. Outras 16 mil pessoas declararam ter interesse na atividade.
“Após três dias seguidos de manifestações com grande repressão da polícia, vamos nos reorganizar juntar nossas forças contra este governo golpista! Não tem arrego! A violência não nos intimidará!”, dizem os organizadores, na rede social.

Já o Levante Popular da Juventude marcou o protesto “Contra o Golpe e contra a violência policial, #SomosTodosDeborah” para o mesmo dia e horário, mas em frente ao Masp. Além de se colocar contra o impeachment e a repressão da PM, o ato ocorre em solidariedade à militante Deborah Fabri. Durante manifestação nesta quarta (1), ela foi atingida no rosto por um estilhaço de bomba, que acabou por estraçalhar a lente de seus óculos, furando seu olho esquerdo.

A SSP afirmou no seu texto que até o momento não havia sido comunicada oficialmente sobre atos públicos nos próximos dias e disse que tal notificação é obrigatória. “Para que sejam preservados os direitos das pessoas que não participam das manifestações e garantida a ordem pública, será evitado o fechamento das vias importantes da cidade”, escreve a secretaria. Vale lembrar que o mesmo tratamento não ocorreu em relação a manifestações a favor do impeachment, muitas das quais bloquearam a própria avenida Paulista.

Veja abaixo a nota:

Diante da ocorrência de protestos violentos, com atos de vandalismo, ocorridos ontem, a Secretaria de Segurança Pública reuniu nesta quinta-feira, 1 de setembro, os comandos das Polícias Civil e Militar e vem a público reafirmar que respeita o direito de manifestação e está empenhada em garantir a segurança dos manifestantes.

Ressalta ainda que, conforme determina a Constituição, é obrigatória a comunicação de hora, local e trajeto em que se realizarão os atos públicos. Para que sejam preservados os direitos das pessoas que não participam das manifestações e garantida a ordem pública, será evitado o fechamento das vias importantes da cidade. A SSP informa ainda que até o momento não recebeu qualquer comunicado oficial de movimentos organizados dando ciência da realização de manifestações públicas nos próximos dias.

Por fim, a secretaria alerta que, no domingo, não será permitida a realização de atos na Avenida Paulista, pois toda a extensão da avenida estará reservada para o evento de passagem da tocha paraolímpica, que integra a cerimônia oficial dos Jogos Paraolímpicos Rio 2016.