Polícia de Alckmin executa prisões arbitrárias e fere manifestantes

A luta em defesa da democracia encontra mais cada vez mais adeptos e sofre retalhações. Neste domingo (4), a Polícia Militar do estado de São Paulo, ordenada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), promoveu a prisão de 26 jovens de forma arbitrária e lançou bombas em manifestantes, jornalistas e transeuntes sem nenhum motivo que justificasse a ação truculenta. A episódio ocorreu durante a manifestação contra o golpe ocorrida na capital apaulista que contou com mais de 100 mil pessoas. 

Polícia de Alckmin executa priões arbitrárias e fere manifestantes - Mídia Ninja

26 jovens que dirigiam-se à Avenida Paulista à favor da democracia ficaram 12 horas seguidas presos, sob alegação de portarem pedras nas mochilas. Os jovens negam o porte de pedras ou alguma ligação com o grupo de Black Blocks.

Do total de 26 detidos, 5 são adolescentes e irão para a Fundação Casa. Os demais farão uma audiência de custódia amanhã e irão para a Penitenciária.

Nas redes sociais circula o relato de como ocorreu a prisão arbitrária dos jovens: 

os 26 jovens serão presos por associação criminosa e corrupção de menores, e passarão a noite no DEIC.

Eduardo Suplicy, Paulo Teixeira e Nabil Bonduki estiveram aqui e conversaram com os detidos: o grupo maior (21 jovens) se reuniu num ponto de encontro no Centro Cultural Vergueiro antes da manifestação. Foram cercados aproximadamente às 15h por policiais com armas letais e detidos por estarem supostamente portando pedras nas mochilas – coisas que eles negam. Um deles diz que nem tinha mochila, e que plantaram uma barra de ferro ao lado dele. Os materiais encontrados foram: máscara de gás, gaze, vinagre, bandanas. Eles negam ser adeptos da tática black bloc, sendo que uma das meninas fazia parte de um grupo novo de socorristas de protestos. Um dos detidos nem sequer estava indo para a manifestação – Felipe Ribeiro estava na biblioteca do CCSP fazendo um trabalho de faculdade. Os pais estão há horas na porta e não conseguiram falar nenhuma vez com o delegado.

Do total de 26 detidos, 5 são adolescentes e irão para a Fundação Casa. Os demais farão uma audiência de custódia amanhã e irão para a Penitenciária.

Mas isso tudo são informações "desencontradas", pois o delegado não veio em nenhum momento falar com a imprensa sobre a investigação e as acusações, nem deu a lista dos detidos. Os pais estão desesperados na porta da delegacia, sem saber o que fazer. O delegado permitiu que os pais dos adolescentes os vissem, mas não puderam conversar com eles.

E pior ainda não é isso: na delegacia, durante as cerca de oito horas em que os detidos ficaram completamente incomunicáveis, colheram depoimento dos adolescentes sem advogado presente e os fizeram assinar. (Os advogados ainda não tiveram acesso a esse documento.) Também "entrevistaram" os maiores de idade sem advogados presentes – sendo que os advogados estavam esperando na porta para serem atendidos desde as seis da tarde.

Como se não bastasse, muitos dos detidos ainda não puderam entrar em contato com os pais para avisar que foram detidos. Há dois membros dos Advogados Ativistas presentes e mais uns três advogados particulares, e alguns jornalistas que não tiveram acesso a nada. O delegado está "convicto" da acusação e não há nada que os advogados possam fazer.

Quem puder compartilhar essas informações, por favor faça. A situação é absurda.

Eduardo Suplcy (PT-SP), o deputado estadual  Paulo Teixeira (PT-SP) e o vereador Nabil Bonduki (PT-SP),  foram à delegacia buscar esclarecimentos e denunciam que a prisão foi política: Confira o depoimento que Paulo Teixeira cedeu aos Jornalistas Livres: 





Uma audiência foi marcada ao meio dia desta segunda-feira (5) no Fórum da Barra Funda, com os 26 jovens detidos. Uma manifestação está sendo mobilizada no local para denunciar a prisão arbitrária dos presos políticos. 

Também ao meio dia haverá uma coletiva de imprensa com o Senador Lindberg Farias e o Deputado Estadual Paulo Teixeira a respeito da violência e abuso de autoridade ofertada pela PM durante a manifestação neste domingo. 

Largo da Batata

O desfecho da manifestação em defesa da democracia ocorreu por volta das 22h, no Largo da Batata, região central da capital Paulista. Manifestantes e jornalistas relatam que de forma pacífica as pessoas entravam no metrô, quando foram surpreendidos por uma série de bombas. O pânico tomou conta do local.

O repórter da BBC Brasil Felipe Souza foi agredido com golpes de cassetete por policiais, mesmo depois de se identificar como jornalista, enquanto cobria o protesto contra o governo Temer neste domingo em SP. Felipe registrou a agressão em #VÍDEO e relata como tudo aconteceu. À BBC Brasil, a Secretaria de Segurança Pública de SP disse que "os fatos narrados pelo repórter serão investigados e solicita que o jornalista registre um boletim de ocorrência".

 

Mãe desesperada para proteger os filhos (um deles bebê) do gás das bombas da polícia. Colaboração do Ismael Mariguella para os Jornalistas Livres

O Foto-Jornalista Luiz Camargo, atingido por uma bala de borracha, explica que a atuação agora foi pelo menos duas vezes pior do que nas jornadas de junho de 2013. (Jornalistas Livres)