CNBB aponta "momento triste" para o país e risco de perda de direitos

Em mensagem divulgada neste 7 de setembro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) avalia que o país passa por "um triste momento da história", reforçando, assim, declaração do próprio papa Francisco. Os bispos, no entanto, vão além e alertam para a possibilidade de desconstrução de políticas públicas e perda de direitos. Sem citar os planos do atual governo de desconstruir o pacto social firmado em 1988, o texto diz que é preciso defender "arduamente" a Constituição.

CNBB

"A ausência de valores éticos e morais provocou a profunda crise política, econômica e social que estamos atravessando. A histórica desigualdade social não foi superada. Corremos o risco de vê-la agravada pela desconstrução de políticas públicas, que resultam em perda de direitos", dizem os bispos.

Eles chamam atenção ainda para a proximidade das eleições, que consideram uma oportunidade de a população se expressar. "Não percamos a chance de ter uma participação ativa e consciente que resgate a política e eduque para cidadania."

Confira a íntegra: 

MENSAGEM POR OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO DO DIA DA INDEPENDÊNCIA

“A esperança não decepciona” (Rm 5,5)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, por ocasião das comemorações de 7 de setembro, dia da Independência, reafirma que o Brasil é um país livre, soberano e religioso. É uma das dez maiores economias do mundo, território vasto e diverso, mais de 200 milhões de brasileiras e brasileiros. Testemunhas de uma história construída na diversidade, na tolerância e na convivência pacífica.

Contudo, vivemos um triste momento de nossa história. A ausência de valores éticos e morais provocou a profunda crise política, econômica e social que estamos atravessando. A histórica desigualdade social não foi superada. Corremos o risco de vê-la agravada pela desconstrução de políticas públicas, que resultam em perda de direitos.

Constatamos as dificuldades do momento, mas acreditamos na capacidade do povo brasileiro de superar adversidades, sempre através de manifestações pacíficas. Cada instituição é chamada a cumprir seus respectivos deveres, no Estado Democrático de Direito, atuando no que lhe é específico, em favor do povo brasileiro, nunca por interesses particulares ou corporativos. A Carta Magna de 1988, fruto de um processo de participação popular, guardiã da democracia brasileira, deve ser arduamente defendida.

Menos de um mês nos separam das eleições municipais. É uma oportunidade para nossa população falar através das urnas. Não percamos a chance de ter uma participação ativa e consciente que resgate a política e eduque para cidadania. Recordemos que se trata de uma eleição sem o financiamento empresarial e regida pela lei da Ficha Limpa, relevantes conquistas da sociedade brasileira.

“Gigante pela própria natureza… teu futuro espelha essa grandeza”.

O dia da pátria seja uma ocasião para reafirmar o compromisso de todo o povo brasileiro com a democracia, por meio do diálogo e da busca incansável pela paz, para construirmos juntos um Brasil fraterno e justo. A “esperança não decepciona” (Rm 5,5).

Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por nós!

Brasília-DF, 07 de setembro de 2016

Dom Sergio da Rocha 
Arcebispo de Brasília-DF 
Presidente da CNBB 

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB