André Araújo: As receitas de bolo dos economistas da Globo

No Jornal das Dez de ontem os veteraníssimos Carlos Alberto Sardenberg e João Borges e o Príncipe Encantado Donny di Nuccio deram uma antológica lição de economia.

*Por André Araújo, no GGN

A Rede Globo e os Bônus de Volume, Tudo a Ver!

Em curto espaço de tempo as perolas foram muitas. Tudo vai melhorar quando os consumidores tiverem confiança e voltarem a comprar geladeiras, televisores, automóveis, tudo é uma questão de confiança, no mundo encantado de Sardenberg dinheiro não é problema, o que precisa é confiança. O fato de existir 12 milhões de desempregados nem é citado, afinal não é um problema, basta o consumidor ter confiança, ele não precisa ter emprego, vai com confiança nas Casas Bahia e compra a TV de plasma, depois paga o carnês com o que? Ora paga com confiança, eles aceitam, não é mesmo Sardenberg?

Borges não quis ficar atrás nas baboseiras, quando baixar os juros virão os investimentos mas quando vão baixar os juros? Ora, muito simples, quando for feito o ajuste fiscal, aí os juros baixam e o investimento volta, a hipótese do ajuste fiscal levar vinte anos e os juros ficarem altos até lá não preocupa Borges, um dia os juros cairão não é mesmo?

Mas porque virão os investimentos se não há demanda? Investimentos em que? Novos shoppings, novas fábricas?

Como virão se está tudo meio parado ou quebrando? Só nos quarteirões do "fashion district" da Oscar Freire, Bela Cintra, Haddock Lobo há 63 lojas com placas de aluga-se, aluga-se, alguém vai investir em imóveis para alugar?

Le Petit Prince Donny di Nuccio tem boas notícias, esta tudo melhorando, " pelo menos está piorando menos", uma nova curva da economia, "piorar menos", o paraíso está à vista, onde ele viu tal cenário? Todos os indicadores mostram aumento de fatores negativos, a começar pelo desemprego, não há nenhum sinal de contratação dos habituais "temporários de Natal", nem sinal, não há nenhum sinal de algum folego novo na economia.

Qual o saldo desses comentários econômicos para os telespectadores? Zero. Não há sabedoria, experiência, bom senso, visão crítica, só chavões mas chavões ruins, sem pé nem cabeça, quer dizer que numa recessão de dois anos é a confiança do consumidor que vai tirar o País da recessão? Não é a confiança, é a renda e esta vem do emprego e da demanda que a renda traz alimentando o circulo virtuoso do comércio e deste para a indústria, como Sardenberg pode falar de consumo e nem citar os níveis de desemprego? Que raio de comentário econômico é esse?

Economia não é novela , comentário econômico tem que ser baseado na análise da realidade e não numa quimera.