Upes mobiliza acampamento para receber Capez em depoimento à CPI

A União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) irá promover um acampamento a partir desta terça-feira (13) à noite, em frente a Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp), para acompanhar o depoimento do presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB-SP), no processo da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) que investiga a Máfia das Merendas em São Paulo. O tucano é um dos principais envolvidos no esquema fraudulento na compra de alimentos com a cooperativa familiar Coaf.

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Por Laís Gouveia

Emerson Souza, presidente da Upes, conta que a ocupação terá um peso político. "Serão cerca de 50 estudantes promovendo uma vigília na Alesp, com rodas de debates, atividades culturais e apresentações musicais. Ao amanhecer seguimos para a CPI que terá início às 9h", explica.

Após ouvir os funcionários da Coaf, a CPI atinge uma nova fase e interroga os agentes públicos citados na Operação Alba Branca. Além de Fernando Capez, o ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação, Fernando Padula e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil, Luiz Roberto dos Santos, também conhecido como "Moita", foram convocados à prestarem depoimento.

O presidente da Upes alerta que a única forma de pressionar a punição dos envolvidos no esquema de corrupção é com a pressão popular, "Tentam transparecer na CPI que envolvidos na fraude eram apenas os funcionários da Coaf, no caso, os peixes pequenos. Mas nós sabemos que, sem a parceria com os agentes públicos, a quadrilha não teria conseguido agir sozinha".

"Seguimos fazendo pressão durante as sessões e estamos conseguindo mudar os rumos das investigações, para não tornar a CPI da Merenda chapa branca. Nossa expetativa é que alguém sairá preso e será punido pelo crime que cometeu", conclui Emerson.

Entenda o caso

Alvo da operação organizada pela Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo, intitulada “Alba Branca”, o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), braço direito do governador Geraldo Alckmin, foi ligado no esquema de superfaturamento na compra de merendas envolvendo cooperativas familiares.

No início do ano letivo de 2016, o esquema fraudulento começou a afetar as escolas. Professores e estudantes denunciaram à imprensa que suas merendas escolares outrora com arroz, feijão e mistura, se transformou em biscoitos água e sal.

Pressionados pelo movimento estudantil, que reivindicava a abertura de uma CPI na Alesp para investigar o esquema fraudulento, parlamentares ligados a Alckmin, com o intuito de blindar Fernando Capez, faziam manobras para a não implementação da Comissão parlamentar na casa.

Como última tentativa de serem atendidos em suas reivindicações, as entidades estudantis ocuparam a Alesp, durante quatro dias no início de maio, ganhando a opinião pública para a causa e destaque nacional na luta pelo direito à merenda escolar. Recuados, a bancada tucana e aliados, foram obrigados a ceder e instalar a CPI.