PM tumultua protesto contra Temer em SP e agride manifestantes

A Polícia Militar de São Paulo aplicou uma nova tática para promover confusão com os manifestantes que participavam neste domingo (18) de um protesto contra o governo Temer e pedindo novas eleições no país. Com truculência e desrespeito, policiais armados tentavam retirar os produtos de uma ambulante que trabalhava na Avenida Paulista. Por volta das 16h, um grupo de pessoas reagiu à ação dos policiais e eles revidaram com gás de pimenta.

“Deixa ela trabalhar” pediram os manifestantes que acompanharam a ação violenta da PM contra a mulher de 53 anos. No vídeo abaixo, é possível visualizar que a vendora ouviu os policiais e depois tentou sair com os produtos, mas segundo ela, que se apresentou como Débora, eles queriam tomar a caixa. “Eu disse que iria guardar minhas coisas, mas não me deram espaço. Me arrastaram no chão e começaram a me agredir e tomar tudo o que eu tinha”, contou a vendedora.

Veja exatamente quando começou a ação:


Vídeo: Bianca Araújo / Mídia NINJA

“Não é dever da Polícia Militar de São Paulo fiscalizar os ambulantes, essa é uma atribuição da Guarda Civil Metropolitana”, disseram os manifestantes convictos que essa seria uma nova tática encontrada pela polícia para provocar tumulto na manifestação que ocorria pacificamente na Avenida Paulista.

O ex-secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) estava discursando no alto de um carro de som e desceu ao ver a confusão. Ele foi empurrado por um dos policiais, outro lhe deu um tapa no braço. Em seguida, o policial disparou um jato de spray de pimenta no rosto de Suplicy. Para conter os manifestantes, um dos policiais usou spray de pimenta. Outro agrediu com golpes de cassetete os ativistas.

O vereador Jamil Murad (PCdoB), de 73 anos, que participava da passeata, tentou ajudar a mulher que vendia água e que estava sendo arrastada pelos policiais, mas ele também foi agredido por eles. Jamil pedia que parassem com a agressão, mas, ao contrário, os PMs lançaram-se, com cassetetes e spray de pimenta, contra os manifestantes em volta.

O vídeo abaixo mostra o momento da agressão:




“Fui defendê-la e por isso fui agredido. A PM agrediu as pessoas que tentavam ajudar a mulher. Tentaram me assustar com gás de pimenta nos meus olhos, mas eu e essa brava mulher continuamos ali. Nenhuma injustiça passará em vão”, desabafou Jamil Murad.

“A mulher não oferecia risco algum, não estava armada e nada ostentava de ameaçador”, diz Suplicy. “A Polícia Militar tomou de uma senhora uma caixa de cerveja e bateu nela”, contou o ex-secretário.

A publicação dos vídeos no perfil dos Jornalistas Livres, no Facebook, dizia que “a violência injustificada da PM contra uma trabalhadora negra, [neste domingo 18], na Avenida Paulista, causou a indignação dos guerreiros Eduardo Suplicy, Jamil Murad, Guilherme Boulos e Maria das Neves. Covardia, racismo, machismo, golpismo e truculência…. Não vamos tolerar!”

Tumulto e confusão após truculência da polícia com ambulantes. Vídeos de Caco ishak e Sato Brasil, para os Jornalistas Livres.

Além da ambulante, houve truculência da polícia também com a imprensa: o repórter fotográfico do Choc Documental, André Lucas Almeida foi agredido pela PM e fez o registro da violência.
 

O repórter fotografou ainda a identificação do soldado da Polícia Militar do Estado de São Paulo. “Nós da mídia em geral, independente ou não, estamos cansados das agressões sofridas, seja pela Polícia Militar, manifestantes e qualquer um que tente interferir em nosso trabalho”, descreveu no perfil do Facebook do Mídia Ninja.

“Fora,Temer” e “Diretas Já!”

O ato foi organizado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúnem movimentos sociais, sindicais, estudantis, trabalhadores rurais sem terra e sem teto, além de representantes de diversas categorias.

Com exceção do protesto que ocorreu no dia 7 de setembro, que foi pacífico, os demais terminaram com violência policial, com a utilização de bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo.

Ato 22 de setembro

Segundo os organizadores do protesto, o ato deste domingo (18) é uma preparação para a manifestação maior marcada para a próxima quinta-feira (22), e que deve reunir centrais sindicais e movimentos sociais em várias partes do país.