“Esquenta” do dia 22 mostra Centrais unidas e alertas pelos direitos 

As centrais de trabalhadores promovem nesta quinta-feira (22) atos pelo Brasil em defesa do emprego e contra as reformas Trabalhista e da Previdência Social do presidente Michel Temer. Segundo dirigentes, será um “esquenta” para a greve geral. As centrais repudiam os ataques à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e à regras que ameaçam as aposentadorias. Temer defende o fortalecimento das convenções coletivas sobre a CLT o que pode eliminar direitos como 13º e férias.

Por Railídia Carvalho  

Ato centrais na avenida paulista dia 16 de agosto de 2016 - Portal CTB

A tática no dia 22 promoverá paralisações, atrasos no início do expediente, plenárias nas fábricas e demais locais de trabalho.

Os atos são organizados em conjunto pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) e

Intersindical.

Em São Paulo, dirigentes das centrais realizarão um ato, a partir das 11h, em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A expectativa é que este ato, apoiado por outras categorias como a dos servidores públicos, se estenda pela avenida Paulista durante o dia.

Para o presidente da (CTB), Adilson Araújo, o movimento dos trabalhadores se amplia e fortalece as mobilizações de diversas segmentos como o dos bancários.

Químicos e Metalúrgicos também preparam paralisações, respectivamente, para os dias 22 e 29 de setembro. Na opinião do dirigente, os atos pelo país são o combustível para a luta dos trabalhadores.

Desemprego e perda de direitos
“Isso tudo vai dar um bom caldo A gente sente que esse sentimento vai brotando à medida que a classe trabalhadora vai tomando consciência que o risco do desemprego e da perda de direitos está na ordem do dia. Eu tendo a crer que essa classe trabalhadora irá contribuir para o processo de mobilização para que a gente possa resistir”, declarou.
 
O presidente da UGT, Ricardo Patah, também vê na unidade dos trabalhadores um “alento” contra as ameaças aos direitos.

“Não vamos permitir, em hipótese alguma, que tantos direitos sejam rasgados. Não podemos permitir que se precarize a relação capital e trabalho com prejuízos para o trabalhador. Não podemos permitir, em hipótese alguma, que não haja inclusão social”, declarou Patah.

PEC 241 e Reforma da Previdência
O jornalista e consultor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Queiroz, o Toninho, analisou que a luta dos trabalhadores também deve incorporar com mais ênfase a denúncia da Proposta de Emenda Constitucional (241), que limita o teto de gastos com despesas públicas como educação e saúde.
“A PEC 241 é gatilho para a reforma da Previdência. Sendo aprovada, a reforma será inevitável”, afirmou Toninho. 
 
Em artigo publicado nesta terça-feira (20) no Portal Vermelho ele argumentou. “Se tudo o mais que está relacionado ao papel do Estado ficasse congelado, tudo bem. Mas a população cresce, as demandas por saúde, educação, previdência e outros bens e serviços públicos também crescem e o governo, com o gasto engessado, não poderá atendê-los, exceto se cortar dos atuais beneficiários”.
Unidade é o lugar comum
 
“O que se ameaça contra os trabalhadores é um massacre social. Tem que se deixar de lado questões menores e se concentrar no fundamental, que é nenhum direito a menos e por isso é que vai todo mundo junto daqui a dois dias para a rua porquê o que está em jogo é também a existência das próprias centrais sindicais”, analisou o ativista político e ex-senador na Itália, José Luiz Del Roio.
Ele é o autor do livro 1º de maio: sua origem, seu significado, suas lutas, que foi lançado nesta segunda-feira (19) no sindicato dos Comerciários de São Paulo após 30 anos da edição original, em 1986.

A nova edição da obra foi concretizada por iniciativa do Centro de Memória Sindical, com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central e Central dos Sindicatos Brasileiros.

A luta unitária das centrais também foi mencionada pelo consultor sindical e autor de um novo prefácio ao livro 1ª de maio, João Guilherme Vargas Neto. Para ele, a defesa dos direitos é o que une as centrais e alertou para os movimentos do governo Temer que podem impor dificuldades à ação das centrais.

Táticas preocupantes
“O governo não desistiu (da reforma trabalhista) eles perceberam que a falta de legitimidade impede que o governo faça tudo o que os apoiadores exigem e provavelmente eles vão operar em uma ou outra direção procurando compensar as divisões e buscando dificultar a nossa ação”, avaliou João Guilherme.
 
Ele comentou ainda as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), impondo acordos coletivos sobre a CLT, consideradas por ele resultantes de um sentimento “antissindical e antitrabalhista” da cúpula do país.
“São preocupantes encaminhamentos do Executivo, que nós todos estamos atentos, encaminhamentos no legislativo, com a presidência de Rodrigo Maia, que é um ideólogo de direita, e os encaminhamentos nos tribunais, principalmente alguns últimos votos específicos de ministros do Supremo”, enfatizou João.