Temer se contorce para manter linguarudo Moraes no cargo

A escandalosa afirmação e uso político das ações da Lava Jato escancarada pelo ministro da Justiça de Temer, o tucano Alexandre de Moraes, criou até agora um desconforto para o governo ilegítimo. Diferentemente do que vazia com a presidenta Dilma Rousseff, a imprensa propagou a tese de que Temer ficou irritado com Moraes e o convocou para uma reunião de emergência para cobrar explicações.

Temer e Alexandre de Moraes - Agência Brasil/Antonio Cruz

Moraes se gabou diante de correligionários, durante comício do PSDB no domingo (25), que novas etapas operações seriam deflagradas “esta semana”. Depois tentou minimizar por meio de nota, dizendo que não vazou a informação sigilosa apensa usou “força de expressão” para falar sobre o assunto. A Polícia Federal também botou panos quentes afirmando que não repassa informações sobre as operações ao governo.

Tudo parecia dar certo e Temer resolveu adiar o encontro, acredidanto que a poeira iria baixar. Mas um vídeo gravado durante o comício desmascarou Moraes. “Pode ficar sossegado, apoio total à Lava Jato. Tanto que quinta teve uma, sexta teve outra e essa semana vai ter mais. Podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”, disse.

A imprensa saiu novamente em socorro ao governo. O jornal Bom Dia Brasil, da Globo, disse que Temer ia ter uma conversa séria como Moraes. “Não é possível!”, teria reagido ele, segundo o Estadão.

Mas a irritação do governo golpista é porque a fala de Moraes coloca em xeque o distanciamento que eles fingem ter entre governo e Polícia Federal nas ações da Lava Jato.

Vale lembrar que o Advogado-Geral da Um ião, Fábio Osório Medina, foi demitido e abriu o jogo sobre a atuação do governo Temer na Lava Jato, confirmando que a cúpula do PMDB no governo estava cumprindo o que disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR) em gravações feitas pelo seu operador na Transpetro, Sérgio Machado: estancando a Lava Jato.

Segundo fontes da grande mídia, a pressão pela demissão de Moraes ganhou força. A intenção é seguir o roteiro de casos anteriores: quando vazou as gravações de Jucá delatado na Lava Jato ele foi obrigado a deixar o Ministério do Planejamento; Fabiano Silveira, da Transparência, Fiscalização e Controle, saiu do cargo após a divulgação de uma conversa também com Machado em que critica a Lava Jato; e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) teve que pedir demissão do cargo de ministro do Turismo após ser citado em delação premiada.

Ainda segundo um auxiliar diretamente ligado a Temer, “todo o Palácio” pede a cabeça do ministro tucano, aumentando a tensão nos bastidores entre PSDB e PMDB.

Com a grande mídia fingindo que não foi nada de mais, Temer acredita é possível manter Moraes no cargo. Nesta terça-feira (27), a Secretaria de Imprensa informou que Temer conversou por telefone com Moraes e após a conversa considerou o episódio superado.

A assessoria disse ainda Moraes contou a mesma lorota que disse a imprensa, de que sua declaração não foi no sentido de antecipar uma possível nova fase da operação, mas, sim, com o intuito de reforçar que a operação seguirá com as investigações.

Mas esse conto da carochinha não convenceu os parlamentares da oposição. O deputado Afonso Florence (BA), líder da bancada do PT na Câmara, e o senador Humberto Costa (PE), líder da bancada do PT no Senado, entraram com uma representação na Comissão de Ética da Presidência da República contra Alexandre de Moraes, pedindo sua imediata exoneração do cargo.