Em campanha do PSDB, Moraes antecipou ação da PF contra Palocci
O ministro da Justiça de Michel Temer, o tucano Alexandre de Moraes, tentou minimizar o efeito da declaração que deu durante um ato de campanha de um candidato tucano em Ribeirão Preto, em São Paulo, neste domingo, em uma conversa com integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre), na qual, em tom de comemoração, disse que haveria outra etapa da Lava Jato “esta semana”.
Publicado 26/09/2016 10:09
“Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”, disse o ministro, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
Apesar de usar o termo “esta semana”, Moraes disse por meio de nota que foi força de expressão e afirmou apenas que há ações da Lava Jato “em quase todas as semanas” e “certamente, continuariam nesta semana, na próxima e enquanto houver necessidade”.
A afirmação de Moraes dá sinais claros de que o governo Temer recebe informações prévias a respeito de investigações e operações, ferindo o princípio constitucional, já que mesmo estando sob a administração da União, a Polícia Federal não deve avisar o governo sobre determinadas operações antes delas serem deflagradas.
Parlamentares criticaram a conduta de Moraes e apontaram uma instrumentalização da PF e da Lava Jato para influenciar nas eleições.
“Ministro da Justiça sabe agora com antecedência as operações da PF na Lava Jato? Pode isso? Cadê a autonomia da PF? Só funcionou com Dilma e Lula”, resumiu a senadora Gleisi Hoffmann, reforçando que nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff a Polícia Federal tinha autonomia.
Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RG), o governo de Michel Temer usa a Polícia Federal contra o PT e se aproveita de uma alegada seletividade da força-tarefa da Operação Lava Jato: “Descarada ameaça do Ministro da Justiça revela seletividade criminosa da Lava Jato. Golpistas usam PF para #BocaDeUrna contra o PT”.