Altamiro Borges: Desemprego explode e mídia abafa

A mídia chapa-branca, embriagada com o aumento da grana da publicidade oficial, prefere estampar nas manchetes a "histórica" queda no preço da gasolina – de 1 centavo! – do que tratar com seriedade sobre a explosão do desemprego no país.

Por Altamiro Borges*, em seu blog

Desemprego - Charge Duke

Os últimos dias foram carregados de péssimas notícias para os que vivem do trabalho. Mas elas não viraram capa dos jornais e das revistas e nem foram motivo de comentários apocalípticos na televisão. Os ex-urubólogos da imprensa, que antes só alardeavam o pessimismo, agora se converteram em porta-vozes de Michel Temer e só dão notícias paradisíacas sobre o Brasil. Haja puxa-saquismo para compensar a propina – o "imprensalão" – do covil golpista.

Na quinta-feira passada (13), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou que 22,7 milhões de pessoas em idade produtiva estão sem emprego ou trabalham menos do que poderiam. O número assustador se refere ao segundo trimestre deste ano – em pleno mandato do usurpador – e corresponde à soma dos desempregados, subocupados e inativos com potencial para trabalhar no país. O dado é um complemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-Contínua), que já havia apontado que a taxa de desemprego aberto bateu em 11,8% da População Economicamente Ativa (PEA) em agosto – totalizando 12 milhões de vítimas.

Desempregados e desanimados

Os dados divulgados na semana passada apontam pela primeira vez os indicadores de subocupação – que são as pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais. De acordo com a pesquisa, 4,8 milhões de pessoas estavam nessa condição ao final do segundo trimestre do ano, o que representa uma alta de 17% em relação ao verificado no primeiro trimestre deste ano. O dado é o mais alto desde o terceiro trimestre de 2015. Ao somar os três indicadores – desocupados, subocupados e força de trabalho potencial -, o IBGE chegou ao número de 22,7 milhões de pessoas. O número representa 13,6% dos 166,3 milhões de pessoas com idade para trabalhar.

O estudo também revelou que muitas pessoas têm deixado de procurar emprego por vários motivos. O principal é que a busca diária não compensa os gastos com transporte, alimentação fora de casa e outros custos. "É uma coisa normal em momentos de crise. Aumenta o numero de desempregados e aumenta também o número de desanimados. A expectativa de encontrar emprego diminui. Só quando a economia melhorar de verdade as pessoas estarão motivadas a procurar empregos", argumenta Ana Urraca Ruiz, professora de economia na Universidade Federal Fluminense (UFF). No mesmo rumo, o economista Istvan Karoly Kasznar, professor da FGV, afirma que os novos dados demonstram que "o desemprego está sumariamente elevado e que não há indicativos que mostrem uma taxa de queda".

Judas Temer pede "paciência" e "sacrifícios"

Diante destes e de outros números negativos, até o Judas Michel Temer foi obrigado a confessar, na amigável entrevista que concedeu à GloboNews na semana passada, que "o desemprego vai continuar alto e o pais precisa ter paciência". Este breve lapso de sinceridade deve ter irritado Miriam Leitão, a ex-urubóloga que tem feito um baita esforço para só dar notícias otimistas da economia. Na ocasião, o usurpador fez um apelo ao incauto telespectador para confiar nos planos destrutivos e regressivos do covil golpista: "Se não fizermos um certo sacrifício não tiramos o país da crise". Será que o povo brasileiro vai acreditar nestas bravatas? Até o mais tacanho "midiota" já deve estar desconfiado com a conversa fiada da "paciência" e dos "sacrifícios". O tempo do Judas Michel Temer está se esgotando!

Em tempo: Em julho passado, no auge da cavalgada pelo impeachment de Dilma, a Folha produziu uma série sobre os efeitos nocivos da crise econômica na vida do trabalhador. O objetivo maldoso da famiglia Frias era insuflar os ânimos na sociedade, preparando o clima para o "golpe dos corruptos". Será que o jornal chapa-branca, agora agraciado com as generosas verbas de publicidade do covil golpista, escalará sua equipe de jornalistas para conferir os estragos causados pela política econômica recessiva do Judas Michel Temer? A conferir! Abaixo quatro das reportagens da Folha, que têm como mérito mostrar que a recessão é muito mais cruel do que as frias estatísticas apontam.

Afastamento de trabalhador por estresse aumenta com a recessão

Estudos identificam forte relação entre suicídios e desemprego
Escalada do desemprego acentua queda dos salários
Desemprego assume estágio mais grave e atinge chefes de família