Barros usa criminalização da esquerda para criticar ocupações

Com uma PEC em tramitação no Congresso Nacional que congelas os investimentos públicos em 20 anos, afetando principalmente a saúde e educação, e uma reforma do ensino médio que representa um retrocesso, o ministro da Educação de Michel Temer )PMDB), Mendonça Filho, tenta camuflar as perversidades do projeto e usar a campanha de criminalização da esquerda para desqualificar as ocupações.

Temer e Mendonça Filho - Foto: Fernando Bezerra/EFE

Em entrevista ao blog do Josias, da Folha de S. Paulo, o ministro disse que está convencido de que o movimento de ocupação de escolas por estudantes tem contornos partidários. “É evidente que setores ligados ao PT, ao PCdoB e ao PSOL estão instrumentalizando essa mobilização junto com os sindicatos”, afirmou ele, como se o governo não tivesse impondo medidas que afetam diretamente a educação e, portanto, as ocupações fosse mero atos políticos sem propósito.

Nessa campanha de criminalizar a esquerda, Mendonça ainda afirma categoricamente que os movimentos tiveram o propósito de colocar em xeque o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que será aplicado neste sábado (5) e domingo (6).

"Politizar o Enem foi desrespeitoso com milhões de jovens. Desrespeitaram o sonho da juventude de ter acesso à universidade. Isso é um absurdo”, disse ele, enquanto defende o congelamento dos investimento em educação.

Sem promover o diálogo, o governo deu um ultimato aos estudantes que desocupassem as escolas e ainda ordenou aos diretores que indicassem em lista os nomes dos alunos que lideram os atos.

“Nós fixamos um prazo. Dissemos que esperaríamos pela desocupação até as 23 horas e 59 minutos do dia 31 de outubro. Imaginaram que o governo fosse adiar esse prazo. Mas estávamos decididos. Ponto final. Acabou o prazo”, esbravejou o ministro.

Enquanto cresce a repressão por parte da polícia militar nos estados contra os estudantes, o ministro afirma que a estratégia adotada pelo governo revelou-se “correta”. "Não me oponho a que o Estado utilize a força quando necessário, mas jamais colocando em risco a integridade física de jovens estudantes”, disse ele.

O ministro ainda tenta colher louros pelas desocupações feitas pelo estudantes, de forma voluntária e consciente, não por negociação do governo, para a realização do Enem.

“Chegamos a ter mais de mil escolas ocupadas. Reduzimos para 300 —sem nenhum esforço repressivo, só na base do convencimento e na pressão da própria opinião pública. Imagine o que ocorreria se o Ministério da Educação resolvesse bancar uma operação repressiva em 20 Estados, nos 300 espaços públicos que ainda estão ocupados. Seria um desastre, uma grande confusão, com o risco enorme de termos um banho de sangue”, declarou.

Mas quando questionado sobre as ações de repressão, Mendonça jogou a culpa nos estados. “Eu não serei um censor crítico de autoridades judiciais e do Ministério Público. Cada um atua de acordo com a lei e a Constituição. É o que espero como cidadão”, afirmou.